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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Melopeias Róridas Entre Armila e Umbra: Elogio da Megalomania - IX

Elogio da Megalomania.jpg                              IX

 

"ELOGIO DA MEGALOMANIA"

 

O povo diz que homem pequenino

Ou é velhaco ou é bailarino.

Mas o russo conhecido por Vladimir Putin

Não é velhaco é calculista,

Apenas porque sim.

Acha-se um conquistador,

Da nova Rússia pós-comunista,

Um verdadeiro imperador,

Um czar, com um ego sem fim,

Alguém sem alma, sem estro, sem coração,

Que pelo poder puro ataca uma nação.

 

A guerra é fria, as armas não

Como combater quem ignora o mundo,

Quem tem no ego um abismo profundo?

 

Há trinta anos a Ucrânia era um povo irmão,

Falavam russo, misturavam famílias,

Não tinham fricção, nem sequer quezílias,

Partilhavam casa, amor, futuro e pão.

Nada resta desses tempos idos,

A guerra é fria e já não se aguenta,

A Rússia ataca em todos os sentidos,

Em plena Europa a luta é sangrenta!

 

Mas ninguém ajuda o povo ucraniano,

Condenam, anunciam sanções,

Dorme descansado o novo tirano,

Porque ameaças nunca são ações.

E a terra invadida tenta reagir,

Mas está sozinha nesta imensa guerra,

Os povos criticam, falam em se unir,

Mas ninguém avança contra o tal Putin,

Porque esta luta é só isto assim.

 

A guerra prossegue na televisão,

Cínica atitude, sanções de sofá,

E o ditador pega nas pipocas

E assiste rindo do seu cadeirão,

Porque a retaliação, é mero oxalá…

 

Sangrará apenas o povo ucraniano,

Porque a economia fala bem mais alto,

É o elogio da megalomania,

Importa saber como dar o salto.

Mas o Ocidente está muito engando,

A guerra com a Rússia vai acontecer,

Porque o czar não está sossegado,

Vai continuar a tentar crescer.

Ninguém olha para a história,

Nem vê que o passado…

Tenta Putin uma nova glória

Do orgulho russo farto de ser pisado.

 

Como combater quem ignora o mundo,

Quem tem no ego um abismo profundo?

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Melopeias Róridas Entre Armila e Umbra: O Som do Silêncio - VIII

O Som do Silêncio.jpg                  VIII

 

“O SOM DO SILÊNCIO”

 

Sei que se chama Solidão.

Usa o mutismo como som,

Trata o Destino

Por irmão

E oiço dizer

Que tem um dom:

 

O seu falar soa a silêncio

E tem nos olhos escuridão.

Fala com a Sara,

O Rui, o Inocêncio,

Palavras desprovidas de paixão.

O som do silêncio

Tem por voz

Todavia,

O seu grito é bem atroz.

 

Vive sem rumo ou coerência,

Nunca a vi sequer sorrir,

O que emana pelo mundo, ao sair,

Eu sinto-lhe tão bem a influência.

 

Tenho uma hóspede

Em minha casa,

Não sei ao certo

Há quantos anos.

Nunca ouvi dizer

Que se atrasa,

Jamais a vi

Usar de enganos.

Não gasta gás,

Não usa água,

Nem mesmo eletricidade.

Nunca a escutei

Com uma mágoa,

Mas vejo-a muito pela cidade,

Por entre os sons do reboliço,

Sempre evitando

Um compromisso.

 

Não se queixa de fome, mas carência

Abunda no seu jeito de agir,

Nem há graçola que a faça rir.

Porém, dizem, rejeita a violência,

 

Mas sei que se chama Solidão.

O som do silêncio

Tem na voz,

Chama o Desespero

Por irmão,

Vive escondida

Em cada um de nós.

Escolhe o rico,

O pobre, o viajante

Como poiso onde faz

Ninho ou escala,

Um marido, uma mulher

Um bem-falante,

A todos segue

No fazer da mala.

O som do silêncio

Facilmente ensurdece,

Mesmo até…

A quem reza uma prece.

 

Tenho uma hóspede

Em minha casa,

Sei que se chama Solidão.

Anda pelo mundo.

Um golpe de asa,

Um azar,

Uma tristeza, uma ilusão,

E do nada aparece

Com socorro,

Qual concubina, amada,

Amante, amásia,

Como quem no silêncio

Desce um morro,

Como quem aprova a eutanásia.

Há quem a ache natural,

Por natureza,

Mas quem pensa assim

É só tristeza.

 

Preciso despeja-la, com urgência!

Pois que da minha hóspede estou farto

Pois que na luz me escurece ela o quarto.

Não sei como não vi tal evidência…

 

Ou ela sai ou, por fim,

Sou eu que parto!

Não posso manter

Tal companhia.

Se digo que já chega

É por estar farto

De me sentir viver em agonia.

Não tenho pai nem mãe,

Mas se tivesse,

Enquanto comigo morar

A Solidão,

Não faria diferença

Que trouxesse,

Um pouco de paz

A este coração.

 

O som do silêncio

Tem por voz

Vive escondida

Em cada um de nós.

 

Sei que se chama Solidão.

Usa o mutismo como som,

Trata o Destino por irmão

E oiço dizer que tem um dom:

O seu falar soa a silêncio

E tem nos olhos escuridão.

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Melopeias Róridas Entre Armila e Umbra: Dia dos Namorados - VII

Dia dos Namorados.jpg                  VII

 

 "DIA DOS NAMORADOS"

 

Hoje voltou o Sol e nem um pingo,

Mantendo assim, a seco, o problema.

Num país que já está em seca extrema,

Ontem choveu demais e foi domingo,

É dia de ficarmos acordados

De festejar o sermos namorados.

 

Mas por onde andas tu, meu grande amor?

Porque não estás aqui ao pé de mim?

Não há quem, com paixão, te queira assim,

Como eu te quero, joia, aroma, flor.

Dia dos namorados já tem hora,

A catorze do mês de fevereiro

Não será para março, nem janeiro

Foi o mês de se amar como é agora.

 

Hoje é dia, amor, dos namorados,

Não há como ficarmos separados.

Não podes ter esquecido o sentimento,

O frenesim de amar, com que loucura,

Sonhos de dia e noite, de ternura,

A pele na pele gerando o movimento…

Eu não esqueci o toque, tão suave,

Dos teus dedos perdidos no meu peito.

Vem querida, vem! Vem-te que é perfeito…

Tu és a fechadura, eu tenho a chave.

Não há como ficarmos separados,

Hoje é dia, amor, dos namorados!

 

Ontem choveu demais e foi domingo,

Num país que já está em seca extrema,

Mantendo assim, a seco, o problema

Hoje voltou o Sol e nem um pingo.

Rega meu coração, amor, bastante,

Que o teu amor por mim é refrescante.

Encantados? Talvez… se namorados…

 

Gil Saraiva

 

 

 

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