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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

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Livro de Poesia - Brumas da Memória: Para que a Troika não se esqueça

Para que a Troika não se esqueça.jpg

“PARA QUE A TROIKA NÃO SE ESQUEÇA”

 

Dizem

Que temos nós

Direito à vida.

 

Dizem

Que vem na lei,

Que tem de ser.

 

Dizem

Que ninguém pode,

Dela, ser privado,

Salvo se crime houver

E, sem saída,

Se age

Por mais meios

Não haver…

 

 

 

Uns dizem

Que é direito assegurado,

Que assim se constrói democracia…

Outros dizem que tirá-la

É pecado,

Sentença capital da agonia,

Condenando,

Até ao fogo eterno,

As almas pecadoras ao Inferno.

 

Mas o que dizer de quem,

Que aplica um memorando

E navegando à vista, navegando,

Saca de todos nós o que não temos?

Rouba dizendo que devemos

Não se sabe o quê, à Troika prenha,

Que tanto nos odeia e desdenha,

Roubando a quem tem necessidade,

Tirando a quem não tem capacidade.

Impõe-se assim esta ordem estranha,

Injusta, violenta, uma artimanha,

Que nos vai forçando a cumprir,

Sem vontade se ter e sem sorrir,

Tudo o que nos obriga a própria lei,

Imposta porque quem tem força de rei.

 

Uma lei tão vil,

Tão errada, falsa,

Tão tamanha,

Que o povo ao suicídio

Vai levando ou à pobreza,

Por não haver maneira

Ou poder ter

Como se cumprir um tal comando,

Que da força da lei

Faz fortaleza,

Imposto por um Governo fraco

Que apenas quer encher o saco.

 

 É assim a vida,

O que dizer?

Pergunta o Estado,

Vendo cofres a encher,

Num confisco que cheira realeza,

De quem o povo, aos poucos,

Vira presa…

 

Dizer que são culpados!

Porque não?

Dizer

E condená-los a Prisão!

 

Homicídio involuntário

De gente sem saída,

Gente que se mata,

Só por desespero,

Gente fraca, sem sorte,

Sem alma e sem bocado,

A quem o futuro foi roubado.

Gente que não sabe de roubo

Ou contrabando,

Que grita dor e fome em desespero,

Que definha pelo exagero

Do saque em favor do memorando

Assinado, à revelia, por tal bando.

 

Dizem que temos nós direito à vida.

Dizem que vem na lei, que tem de ser.

 

Quem julga os assassinos,

Das almas sem saída,

De tanta gente que assim

Ficou perdida?

 

Quem julga um Estado destes, a preceito?

Um estado assim tão vil, tão mau, demente,

Que abusa do Povo já desfeito,

Como se nada fosse, ou… quiçá…

Nódoa atroz que sai com detergente.

Dizem que temos direito à vida…

Dizem… e quem o diz,

Só mente!

 

É preciso avivar, de todos, a memória

Dos tempos em que vida foi avessa,

Lembrar os dias sem saída, sem glória,

Para que a Troika não se esqueça!

 

Gil Saraiva

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