Livro de Poesia - A Exoração do Postremo: Ninguém o Quis - XV
XV
"NINGUÈM O QUIS”
Morrer
No mais profundo anonimato,
Como a abelha,
A mosca
Ou o moscardo.
Morrer
Com o nome de bastardo
Gravado a ferros
Em mim e só em mim,
Já tatuado!
Eu que bastardo não sou,
Mas o que importa,
Se o ferro o gravou,
Fechando a porta.
Eu vou morrer no eco dos sentidos,
Num abraço,
De garganta sedenta
Por bagaço,
Por uma vida que me mata
A cada passo.
Mas antes de morrer,
Que mais, então?
Não sei para onde vou
Ou o que fiz.
Durante toda a vida, este meu ser,
Nunca soube servir ou ser feliz,
Nem comover,
Talvez,
Também,
Porque ninguém o quis.
Gil Saraiva