Livro de Poesia - A Exoração do Postremo: Cão de Caça - XVI
XVI
"CÃO DE CAÇA”
É manhã. Acordo! Olho à minha volta…
Acordo e logo algo me revolta!
Sinto a tua falta,
Não sinto o teu carinho,
A manhã vai alta,
Sigo o teu caminho!
Sigo atrás de ti como um cão de caça
E não me esqueci que um cão não maça,
Mas que ama seu dono com muito respeito.
Nunca te abandono e, quando me deito,
Para mim o sono já não tem efeito.
Este meu amor, que sinto por ti,
É tão grande e forte
Que para além do sono até venço a morte!
Apesar de tudo, pouco eu te vejo,
Mas eu sei, contudo, que hoje te desejo,
Que ontem te quis,
Que amanhã te adoro.
O meu ser hoje diz:
Amor, eu te imploro que amanhã me ames,
Que hoje me adores,
Que comigo andes, que comigo chores,
Não quero sentir mais a tua falta,
Sentirei carinho e a Lua vai alta,
Dá luz ao caminho.
Pertinho, ao teu lado,
Porque amar não maça,
Estou encantado,
Por ser cão de caça que caçou do dono
Todo o seu amor.
Serei cão de caça?
Não! Sou caçador!
Gil Saraiva