Livro de Poesia - A Exoração do Postremo: Inverno - XVII
XVII
"INVERNO”
Inverno…
Inverno triste e sombrio.
Frio!
Vento!
Chuva!
Não posso suportar mais.
Só, gelado,
Confinado,
Entre quatro paredes metido,
A sete chaves fechado.
Não pode fazer sentido
Este isolamento infindo
Que gela como a estação,
Não oiço crianças rindo,
Não tenho um abraço irmão,
Que inverno se acabe indo,
Que logo regresse o verão.
O inverno, este inverno,
Mais me parece um inferno,
Visto roupa, esfrego o pelo,
Mas este inferno de gelo
Queima-me o coração.
“- Já chega!” - grito eu então.
O inverno é como o inferno,
É como espremer uma uva,
É buraco em vez de luva,
É um nó sem desatilho,
É dor que doi por demais
É como ser filho
Sem pais!
Gil Saraiva