Livro de Poesia - A Exoração do Postremo: O Muro - XVIII
XVIII
"O MURO”
O muro de Berlim…
O muro de Berlim foi ontem,
Mesmo depois dos anos já passados!
Foi ontem ainda
Que virou pó de perlimpimpim,
O muro de Berlim.
O muro de Berlim…
O Muro da vergonha,
Da tristeza fria
Daqueles para quem o mundo não sonha!
Filho da velha muralha da China,
Progenitor do novo muro americano,
Que a América
Não quer mais mexicano.
O muro de Berlim…
O muro em que juro,
Não apenas eu, mas um alguém que alguém já foi,
Que naquelas pedras não poisa cegonha,
Mas morre outra mãe,
Nos muros que ostentam a peçonha,
De se erguer, na Europa, a quem tem
A esperança emigrante de poder ir mais além.
O muro de Berlim…
Vi na televisão que já ruiu,
Ruiu por fim…
Betão armado de palavras
Há muito sem significado.
O muro caiu,
Faz tempo agora,
Só porque em certa hora,
O vermelho
Perdeu a sua cor
Que por sinal não falava de amor!
Gil Saraiva