Livro de Poesia - Devaneios de Estros Imémores - Deixo o Vazio - VII
VII
"DEIXO O VAZIO"
Dias sem tempo...
Noites já sem brio...
Olhando o espelho
Pra soltar um: "Ai!"
Ele descobre assim
Um rosto vadio...
Foge do medo
Porque a droga atrai...
E um dia ouviremos
como um desafio:
" É este o caminho,
De longe o melhor:
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Mesmo com suor!
E de todo o lado,
Pra fugir à lei,
Vem a tentação
Pra engolir o anzol!
É preciso, enfim,
Ter força de rei
Para dizer: "Não!"
E ir da noite ao Sol!
E um dia ouviremos
como um desafio:
" É este o caminho,
De longe o melhor:
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Mesmo com suor!
Se a droga ganhar
Tudo, em seu redor,
E a SIDA trouxer
Para quem lá vai:
Vão perder os bons...
Vai ficar pior...
Corpos derrotados
Sem soltar um "Ai!"
E um dia ouviremos
como um desafio:
" É este o caminho,
De longe o melhor:
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Mesmo com suor!
Ó meu amigo
Tens de olhar por ti,
Vencer a luta...
Ser o rouxinol
Pra cantar comigo:
"Também já venci!"
Brilhando à noite
Mais do que um farol!
E um dia ouviremos
como um desafio:
" É este o caminho,
De longe o melhor:
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Vou! Deixo o vazio,
Mesmo com suor!
Gil Saraiva
Nota: Letra para a Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80).