Livro de Poesia - Díscolas de Runim Iaiá: Segredos - XXXVIII
XXXVIII
"SEGREDOS"
Meus dedos resvalando aí, por ti,
Não são como serpentes, repelentes.
Ávidos de desejos meigos, quentes,
Sedentos são do que eu já possuí.
São meus lábios beijando aqui, ali,
Como vampiros negros, envolventes,
Envolvidos em ti, absorventes,
Só p’ra te retirar o que eu extraí.
Te devoro, mesmo não tendo fome,
A boca em promontório atinge o cume,
Me derreto por ti, em lento lume,
E o teu olhar, em mim, já me consome.
Minha boca, meus lábios e meus dedos
Adoram devorar os teus segredos.
Ariana Telles