Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: Cronos - XIII
XIII
"CRONOS"
Que de mim tenha Cronos piedade...
Eu, a folha, nascida a meio Outono,
Eu, o último verde, antes do sono
Da árvore agora sem fertilidade...
Que me seja tão longa a mocidade:
Como uma solidão tem de abandono;
Como um rei vitalício tem de trono
E como a própria vida tem de idade...
Que, p'ra mim, tenha Cronos justiceira
A sua mão do Tempo, de governo...
E que somente a poise, derradeira,
Quando na minha vida for inverno...
Apenas se a minha alma passageira
Tiver de prestar contas no Inferno!...
Gil Saraiva