Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: Alegre Vida - XXXIV
XXXIV
"ALEGRE VIDA"
Foder, com violências de amargura,
A racha inerte da mulher, na cama,
Na rotina de merda de quem ama
Cotidianamente, em noite escura...
Cobrir, só por cobrir, a vaca impura,
"- Nem um orgasmo tem a puta infama!"
Pensa o marido farto e já reclama:
"- Dá-me, ao menos, gozo, pois ternura
Nunca me deste, a mim, em toda a vida!"
Reflete, agora, ela tristemente:
"- Mas que mais quer de mim o vil cabrão?...
Só pensa em despejar... e eu fodida,
De perna aberta sofro a cada instante..."
Como é alegre a vida em comunhão!
Gil Saraiva