Livro de Poesia - Falcão Peregrino: Falcão Peregrino - X
X
"FALCÃO PEREGRINO"
Vagabundo dos Limbos,
Haragano, O Etéreo,
Senhor da Bruma,
Um Falcão Peregrino,
Que vagueia pela net
Olhando todos
E ninguém,
Como quem olha as montras
Sem poder comprar,
Como quem tem fome de existir
Nos sentimentos profundos
De outro alguém...
Como quem procura a eternidade
Sem saber que ser feliz
Se encontra
Num simples e mágico segundo...
Sou como quem
Inesperadamente descobre
Que o segredo do amor
Começa em si mesmo
Mas que tem de terminar
Num outro alguém
Para se desvendar,
Em farrapos de divino infinito,
Em nossa alma...
Serei eu
O Falcão Peregrino,
Descobrindo o mundo
Apenas por te querer
Perto, próxima, tangível
E real?
Serei eu
A ave implacável,
Na busca insana,
Ávida de lar,
Completo de ser e de existir,
Porque nela bate um coração menino,
Pela simplicidade dos desejos,
Dos olhares
E do sentir?
Sim, eu sou o timbre do sino,
Que ecoa pelas serras e vales,
Na senda
De se fazer ouvir...
Eu sou o predador dos males
Que me devoram,
Por te querer descobrir
Antes que seja tarde,
Antes que a memória esqueça o hino
Da felicidade,
De voar nas asas de um amor,
Que busco sedento de ninho,
De calor,
Em liberdade,
Qual Falcão Peregrino.
Vem,
Que se faz noite,
Alma gémea de mim...
Vem,
Para a peregrinação poder parar...
Vem,
Porque a viagem
Tem de ter um fim...
Vem,
Para que possamos alcançar
O vibrato feliz de um violino,
Que liberta o Falcão Peregrino.
Gil Saraiva