Livro de Poesia - Melopeias Róridas Entre Armila e Umbra: Melopeias - II
II
"MELOPEIAS"
Melopeias róridas entre armila e umbra
Melodias recitadas de estros perdidos,
Húmidas orvalhadas sentidas na penumbra
Das palavras soltas aos nossos ouvidos,
De um anel de ferro escondido na bruma
De um caso de amor, de brilho e comoção,
Qual barca sentida que perdida ruma,
Sem destino certo e sem direção,
Até na maré atracar na espuma
De um cais escondido pelo por-do-sol.
Rimas de paixão que tu não soletras,
Por não entenderes o piar das aves.
Atrás da luz que combina as letras,
Dedicando à Lua chilreares suaves,
Canta as melopeias, à noite, o rouxinol,
Não usa palavras que rimem com tretas.
No jardim dos termos gira o girassol,
Não ingere gorduras, nem tem colesterol.
Vem manhã de orvalho, húmida, sensual,
Despertar o mundo para um novo dia,
Zumbem as abelhas, cala-se o chacal,
E ouve-se no campo agora a cotovia,
Porque na natura é mais que normal
O silêncio dar lugar sentado à poesia.
Melopeias canta o senhor da bruma,
Não masca tabaco, nem usa cachimbos,
Mas desenha armilas no fumo que fuma,
Um rei sem paços, vagabundo dos limbos.
Melopeias róridas entre armila e umbra
Melodias recitadas de estros perdidos,
Húmidas orvalhadas sentidas na penumbra
São palavras soltas aos nossos ouvidos…
Gil Saraiva