Livro de Poesia - O Donaire do Proterótipo Ordinário: Acho Que o Mundo é Portugal - VIII
VIII
"ACHO QUE MUNDO É PORTUGAL"
Eterna é a perfeição e não o Homem.
Perfeito é o sonho e não o ato.
Sonhar é ver a luz e não o ser.
Já a luz só é mensagem para quem vê.
Ver não é saber, apenas se resume a testemunho.
Testemunhar é olhar o arco-íris
E não é compreender a física da Terra.
Terra há muitos que a trabalham
E não são assim tantos aqueles que a têm.
Ter é poder e conquistar e nada tem a ver com perfeição.
Confundem-se conceitos e defeitos,
Verdades com aparências e ilusões,
Porque nem toda a gente tem no sítio
Aquilo que se conhece por aptidões.
Nem sempre usamos a palavra certa
Trocamos razões por canhões
E geramos assim tão facilmente
A mais singular das confusões.
Se o arco-íris é mero acontecer,
Já o crepúsculo implica entardecer
E noite é noite e não escuridão e breu
Até porque existe a Lua Cheia.
Acontecer exige o ato em si e não a causa,
Que o ato é luz e não promessa.
Que a luz é mais do que o sonho
E menos do que o pensar.
O sonho é o produto do Homem, não das coisas.
Quanto ao Homem, este, é ser e não saber.
Porque o ser é perfeição e não é dúvida,
Que a perfeição é busca e é humana
No conceito, na forma, no progresso
E nada tem a ver com exterior
E muito menos com verso ou universo.
Pode o Homem ser eterno e não mortal?
Enquanto luso, eu acho que mundo é Portugal!
Gil Saraiva