Livro de Poesia - Os Anexins de um Vate Sólito: Só Tu - XXIII
XXIII
"SÓ TU"
Só tu tornas o gesto bem sublime,
Fazes do pensamento um memorando,
Na noite és como o Sol se alvorando
Fazendo com que o dia se aproxime.
Só tu podes levar o santo ao crime,
Transformas lago em mar se revoltando,
Um parvo, em novo génio, imaginando
Poder transformar a palha em vime.
Só tu és a miragem do alento,
Olhar p’ra ti é ter uma alegria,
Poder ser teu é louca fantasia.
Só tu és brisa, mais… tornado, vento.
Mas porque não me vês quando ao passar
Cruzas alheia, em mim, o teu olhar?
Gil Saraiva