Livro de Poesia - Os Anexins de um Vate Sólito: Há Rostos na Multidão - XXVI
XXVI
"HÁ ROSTOS NA MULTIDÃO"
Eu gosto de ver gente a passear,
Rostos na multidão, entre a desgraça
Dos mascarados presos na mordaça,
Pois máscara não sabem como usar.
Amorfa, a multidão, sabe pastar,
Mas há quem não se fique na fumaça,
Quem prefira voar, não ser carraça,
Quem procure um lugar a conquistar.
Na multidão há rostos na aurora,
Vigilantes, assim que chega o dia,
Pois que a manada cega, em nostalgia,
Não sente que a si própria se ignora.
Há quem queira, em pleno, ter na vida,
Um lugar de honra antes da partida!
Gil Saraiva