Livro de Poesia - Plectros de um Egrégio Tetro Umbrático: Pelas Bocas do Mundo - XVI
XVI
“PELAS BOCAS DO MUNDO”
Ouvi alguém dizer, faz pouco tempo,
Que o mundo está em vias de extinção.
Que o Homem devia, quanto antes,
Preparar o êxodo, a grande migração,
Por ser preciso tentar, enquanto é tempo,
Salvar a Terra da autodestruição.
Oiço muitos disparates no café,
Nas redes sociais são às mãos cheias,
Teorias imaginadas num simples rodapé,
Sobre mais uma fatal conspiração,
Criada no mundo das ideias.
Coisas vindas de uma ou outra negação,
Disparates, mentiras, cefaleias,
Mas sempre ornadas de aberração.
Há quem queira fugir pela Via Láctea,
Rumar ao infinito e mais além,
Subir pelas encostas do universo,
Tentar, pelas estrelas, a fuga no espaço,
Como se fosse possível cada passo,
Só porque alguém
O pôs em verso,
Numa bíblia escrita por ninguém.
Vivemos desafios a cada dia,
É verdade, não há como negar,
Hoje é o ambiente, a pandemia,
Amanhã será a guerra, o oceano, o mar.
A cada momento um problema,
Uma charada, uma loucura, uma ilusão.
Varia na atualidade o tema,
Isso é claro, na verdade, com certeza,
Sempre nasce um novo lema, por segundo.
Tudo se transforma, é essa a natureza,
Mas não pelas bocas do mundo.
Gil Saraiva