Livro de Poesia - Sinta-me: XLVI - Mar Salgado (Último)
XLVI
"MAR SALGADO"
Vejo-me ao espelho e não me reconheço;
Perdi brilho e sorriso em cada esgar;
Ganhei rugas de dor por não falar
E sei que já não sou nem quem pareço.
Duvido se de facto te mereço;
E vejo o teu amar se evaporar
Submisso ao raciocínio singular
De que não sou quem era no começo.
Julgo que a nossa Sintra terminou…
Dizes que divergimos nos caminhos,
Juras que troquei rosas por espinhos,
Pensas saber que nada mais sobrou.
Para mim olho... não me sinto amado;
Me afogo, em meu olhar, num mar salgado!
Gil Saraiva