Livro de Poesia - Sintagmas da Procela e do Libambo: Morte - III
III
“MORTE”
Todos nós vivemos
Os momentos da Morte
Em instantes que temos
Em mágoa, sem passaporte.
Em memória das memórias
Da nossa identidade
Em silêncio
A nostalgia
Só chora a saudade...
Todos nós choramos
As agruras da Morte
Em instantes cavados
Na sepultura sem Norte.
Melancolia
É a cama
Em que me deito
No taciturno marasmo
Da minha solidão...
Todos nós perdemos
Vidas para a Morte
Em instantes de dor,
Sem rede, sem suporte.
Vagabundo dos Limbos eu sou:
Soturno no existir,
Perdido na alma,
Sombrio no ser...
Uma réstia de sol
Que se apaga tristonha
No mais belo poente...
Todos nós sentimos
Os atos da Morte
Nos instantes da sede, da fome,
Da lei do mais forte.
Como se, até eu,
No tétrico chegar da noite
Fosse o fúnebre negrume
Das trevas,
Gritando o luto
Da minha própria morte...
Todos nós sabemos
Que existe a Morte
Dos instantes onde falta
Saúde, sustento ou simples sorte.
Gil Saraiva