Livro de Poesia - Sussurros da Alma: Sossego - IX
IX
"SOSSEGO"
Pela calada da noite
Te senti
Mal sossegada...
Mais calada
Do que a noite...
Que a noite
Não está calada.
Tens o mocho,
O morcego
E outra mais bicharada...
O lince,
Que não é cego.
Predadores
Pela calada...
E eu sinto
O desassossego
Desse teu peito apertado,
Porque à vida tens apego,
Porque amas tu, sem receio,
Porque amar
É mais que um estado:
Não pode ficar a meio,
Só existe lado a lado.
Não temas, amada minha,
Que eterno é esse calor...
Futuro, não se adivinha,
Sente-se apenas amor...
Teme a calma, não a guerra.
Se a não sentires, mau sinal,
Porque alguma paz encerra
Aranhas tecendo a teia,
Em emboscada fatal...
O sossego
Não tem terra;
Treme, sim,
Sem Lua Cheia.
O sossego
É voz que berra,
Anormalmente, em segredo,
O que o coração
Receia...
O sossego
Esconde o medo,
Não tem rubor nem paixão,
Mais vale desassossego
Do que sossego
Em caixão...
Gil Saraiva