Livro de Poesia - Sussurros da Alma - Facho Olímpico - XIII
XIII
"FACHO OLÍMPICO"
A noção de perda
Só se torna objetiva
Quando tomamos consciência absoluta
Que algo se perdeu irremediavelmente...
Perder um ente que nos é querido
Cai fundo dentro do ser que constituímos
E abala os alicerces da razão
Do nosso próprio existir...
À memória chegam-nos,
Apressadamente,
As memórias do que de bom existia
Na vida agora finda...
Sorrimos com nostalgia,
Choramos com saudade...
E apelamos, desenfreadamente,
A Cronos que nos faça esquecer com rapidez...
Mas o registo fica,
Gravado algures na alma
Que nos faz humanos,
Para que algo de quem se findou
Se perpetue naqueles
Que lhe foram próximos e que por cá ficaram...
E seja por amor ou amizade
É nesses registos de alma e existir
Que a chama se mantém acesa,
Para sempre impedida de apagar,
Qual facho olímpico
Que importa manter e preservar...
Gil Saraiva