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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Brumas da Memória: Balada do 25 de abril - III (Revivido)

Balada do 25 de abril.jpg

             III

 

“BALADA DO 25 DE ABRIL”

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio

Ai, nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Anos assim de tortura,

Silêncio sem liberdade...

Para ganhar à ditadura,

Tens que morrer com vontade...

 

Quarenta e oito, um a um,

Anos de fome, ilusão,

Criaram força incomum,

De resistir na prisão...

 

E o vinte e cinco de abril

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

E cantar Sérgio Godinho,

Zeca Afonso e outros mais,

É ser na voz adivinho

Daquele abril de imortais...

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio,

Ai, nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Sempre lutar contra engodos,

Contra a PIDE e o calar,

Nasce o Sol, é para todos,

Cabeça erguida a sangrar...

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

E agora que o Sol nasceu,

Na noite clara de abril

Mais de trinta, conto eu,

São os primeiros de mil...

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio…

Ai! Nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Mas tão curta é a memória

De um povo que já esqueceu

Que Salazar tem na História

A nossa noite de breu...

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

De economia vivemos,

P'ra nos manter lutamos,

Casa e emprego não temos,

Quem nos pergunta onde vamos?

 

Somos: imposto, tributo,

Finanças ocas, impostas,

Eu não estou só, num reduto,

Há mais quem queira respostas!

 

Que o crepúsculo, a madrugada

Anuncie sem ter saudade...

Queremos não ver estragada

Nossa razão, liberdade!

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

Prisão p´ra quem enganou

O nosso Povo, afinal,

Não tem perdão quem roubou

Nossa alma em Portugal.

 

Os passos foram enganos,

Mas a memória não esquece,

Pelos Direitos Humanos

Justiça a quem a merece!

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

Urge de novo escutar:

“—Aqui!

Posto de Comando

Do Movimento das Forças Armadas!"

Das nossas Forças Armadas!

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Brumas da Memória: Balada do 25 de abril - III

Balada do 25 de abril.jpg

              III

 

“BALADA DO 25 DE ABRIL”

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio

Ai, nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Anos assim de tortura,

Silêncio sem liberdade...

Para ganhar à ditadura,

Tens que morrer com vontade...

 

Quarenta e oito, um a um,

Anos de fome, ilusão,

Criaram força incomum,

De resistir na prisão...

 

E o vinte e cinco de abril

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

E cantar Sérgio Godinho,

Zeca Afonso e outros mais,

É ser na voz adivinho

Daquele abril de imortais...

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio,

Ai, nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Sempre lutar contra engodos,

Contra a PIDE e o calar,

Nasce o Sol, é para todos,

Cabeça erguida a sangrar...

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

E agora que o Sol nasceu,

Na noite clara de abril

Mais de trinta, conto eu,

São os primeiros de mil...

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio…

Ai! Nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Mas tão curta é a memória

De um povo que já esqueceu

Que Salazar tem na História

A nossa noite de breu...

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

De economia vivemos,

P'ra nos manter lutamos,

Casa e emprego não temos,

Quem nos pergunta onde vamos?

 

Somos: imposto, tributo,

Finanças ocas, impostas,

Eu não estou só, num reduto,

Há mais quem queira respostas!

 

Que o crepúsculo, a madrugada

Anuncie sem ter saudade...

Queremos não ver estragada

Nossa razão, liberdade!

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

Prisão p´ra quem enganou

O nosso Povo, afinal,

Não tem perdão quem roubou

Nossa alma em Portugal.

 

Os passos foram enganos,

Mas a memória não esquece,

Pelos Direitos Humanos

Justiça a quem a merece!

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

Urge de novo escutar:

“—Aqui!

Posto de Comando

Do Movimento das Forças Armadas!"

Das nossas Forças Armadas!

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Quimeras de Quimera II: Introdução do Autor - Versão Ilustrada

Quimeras de Quimera imagem.jpgIntrodução

Em 1984, na cidade de Coimbra, sob a capa e a batina de um curso de direito, publiquei, através da Gráfica de Coimbra, o livro de poesia “Quimeras de Quimera” – “Sonetos”, numa altura, com 22 anos de idade, em que ainda sonhava com um novo e maravilhoso mundo, aquando dos festejos de Carnaval, que antecipavam os 10 anos do 25 de abril. Esta nova versão, revista e ilustrada, visa fazer homenagem ao homem que ainda sou e que continua a sonhar com o mesmo mundo.

A escolha do nome do livro, para além de fazer um rebuscado trocadilho com o diminutivo do meu primeiro nome (Quim de Joaquim), em que Quimera se dividia num tolo “Quim era…”, tinha outras motivações mais assertivas. Em primeiro lugar, o antagonismo dos diferentes significados da palavra, que se usa para nos referirmos a sonhos impossíveis de alcançar, num dado texto, como nos retrata um monstruoso animal mitológico se nos voltarmos para a antiguidade clássica.

Sendo mais específico, no que à Mitologia Greco-Romana diz respeito, Quimera foi um monstro de natureza divina, nascido da união de Tífon e de Equidna. Segundo Homero, Quimera tinha um aspeto terrível. O bicho conjugava a mistura de um leão, pela frente, uma cauda que mais parecia a cabeça de uma serpente, seguida por uma secção do tronco e, por fim, uma cabra identificada no meio do corpo e nas patas traseiras. Outros doutos estudiosos na antiguidade davam-lhe formas parecidas, em que a cabeça dos 3 animais se tornava evidente no monstro. Contudo, o importante é que todos a apresentavam como uma horrível besta que lançava chamas pelas diferentes bocas, enfim, uma Quimera assustadora e terrível. O animal teve alguns irmãos igualmente famosos na época, a saber: Cérbero, Hidra, Esfinge e o inesquecível Leão de Nemeia.

A besta acabaria por morrer ao lutar com um dos grandes heróis da Antiguidade Clássica, o nobre Belerofonte. Um herói que já vencera, noutras batalhas, os Sólimos e as Amazonas, sempre com a ajuda preciosa do animal mais célebre daqueles tempos, Pégaso, um cavalo alado, amado pelas Musas. Aliás foi Pégaso quem fez brotar do Monte Hélicon, ao bater com um dos seus cascos no solo, a Fonte mágica de Hipocrene, cujas águas tinham a virtude de inspirar poeticamente quem delas bebesse.

Ora, por um lado, temos a Quimera, enquanto, monstro mitológico dos tempos da mitologia greco-romana. Por outro lado, o monstro imaginário evoluiu na linguagem para significar algo de impossível e apenas sonhado. Quimera passou a ilustrar, paradoxalmente, algo de bom, mas difícil de alcançar, passando a estar classificada na categoria dos sonhos, do imaginário, do fantástico, da miragem e da ilusão, quase uma suave e doce Quimera.

Destes antagonismos tornaram-se obscuras frases como: “Sonhos de Quimera”; “Quimeras de um Monstro”; e “Quimeras de Quimera”.  É destes conflitos que se parte de um todo para o confronto das suas partes, das quais os melhores exemplos são os que se apresentam entre: a vida e a morte; o amor e o ódio; o bem e o mal; o sonho e a realidade; a guerra e a paz; a justiça e a injustiça; o sim e o não e finalmente, o que se quer e o que se tem.

Deste permanente conflito em que a mente humana é protagonista, acabou por nascer o nome do presente livro de sonetos; “Quimeras de Quimera”.

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Brumas da Memória: Balada do 25 de abril - III

Balada do 25 de abril.jpg

              III

 

“BALADA DO 25 DE ABRIL”

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio

Ai, nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Anos assim de tortura,

Silêncio sem liberdade...

Para ganhar à ditadura,

Tens que morrer com vontade...

 

Quarenta e oito, um a um,

Anos de fome, ilusão,

Criaram força incomum,

De resistir na prisão...

 

E o vinte e cinco de abril

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

E cantar Sérgio Godinho,

Zeca Afonso e outros mais,

É ser na voz adivinho

Daquele abril de imortais...

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio,

Ai, nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Sempre lutar contra engodos,

Contra a PIDE e o calar,

Nasce o Sol, é para todos,

Cabeça erguida a sangrar...

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

E agora que o Sol nasceu,

Na noite clara de abril

Mais de trinta, conto eu,

São os primeiros de mil...

 

Na negra noite andaste

Décadas mudo, sem pio…

Ai! Nessa vida passaste

De emigrante a vazio...

 

Mas tão curta é a memória

De um povo que já esqueceu

Que Salazar tem na História

A nossa noite de breu...

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

De economia vivemos,

P'ra nos manter lutamos,

Casa e emprego não temos,

Quem nos pergunta onde vamos?

 

Somos: imposto, tributo,

Finanças ocas, impostas,

Eu não estou só, num reduto,

Há mais quem queira respostas!

 

Que o crepúsculo, a madrugada

Anuncie sem ter saudade...

Queremos não ver estragada

Nossa razão, liberdade!

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

Prisão p´ra quem enganou

O nosso Povo, afinal,

Não tem perdão quem roubou

Nossa alma em Portugal.

 

Os passos foram enganos,

Mas a memória não esquece,

Pelos Direitos Humanos

Justiça a quem a merece!

 

E o vinte e cinco de abril,

Foi madrugada dos bravos

Capitães que no fuzil

Trocaram balas por cravos...

 

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