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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

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Livro de Poesia - Trovador Binário - A Noite - IV

A Noite.jpg

       IV

 

"A NOITE"

 

Se eu fosse um sonho,

Meu amor,

Esta noite tu eras minha!

 

Esperava na bruma

Pelo teu adormecer...

Sem pressas, sem barulho,

Deixando o silêncio

Se instalar devagarinho.

Poderia espreitar,

Uma vez ou outra,

Aguardando pelo ritmo compassado

Da tua respiração,

Até quando, por fim,

Morfeu te recebesse nos seus domínios.

 

Saído da bruma, por entre as sombras,

Aproveitando o Quarto Crescente,

Que se iniciou no fim da tarde, 

Finalmente,

Eu entraria no limbo do teu cérebro

Para poder passar a ser

Um sonho teu.

E tu, incauta e desprevenida,

Nem darias por mim.

Tomarias o sonho como teu

E nada mais.

Naturalmente, simplesmente,

Apenas mais um sonho.

 

Regressei ao banho,

Aquele que tomaste hoje,

E introduzi-me nele...

Nesse mundo da imaginação,

Que quase parece acontecer,

Porque sonhavas…

 

Tu sentiste as minhas mãos

Fazendo deslizar o gel

Pelo teu corpo,

Percorrendo a derme

Como quem corre a maratona,

Sem pressas, sem movimentos bruscos,

Como se fosse comum

Eu explorar-te assim avidamente.

 

Agora o teu sonho era meu,

Não tinhas como o controlar,

As minhas mãos invadiram-te a boca,

Os seios, as nádegas e o sexo,

O meu corpo molhado esfregou-se pelo teu…

Na loucura dos momentos seguintes

Perdeste a conta de quantas vezes foste possuída,

Nas entradas que entregaste vibrando

Perante o meu avanço hirto e decidido.

A noite pareceu durar uma vida e um momento…

 

Acordaste tarde, relaxada, suada, húmida e a sorrir,

Já a aurora despontava no horizonte,

Já eu regressara à bruma de onde viera

Silenciosamente…

Um pensamento invadiu-te a mente:

“Hoje o dia só me pode correr bem.”

 

O Quarto Crescente da Lua

Trouxe-te uma noite

Para mais tarde recordares com um sorriso…

A noite tem destas coisas…

íntimas, secretas, nossas,

Impossíveis realizados pelo âmago,

Desejados pelo querer,

Concretizados pelo sonho,

Traduzidos pela escuridão!

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: A Noite - XXXIII

Poema.jpg

XXXIII

 

"A NOITE"

 

A noite naquela casa caiu,

Igual a outras noites já passadas,

Mas, para mim, diferente a outras noitadas;

Diferente amor que a noite descobriu...

 

Teu corpo vestido em mim se despiu

Num noturno esquecer de águas paradas,

De noites que a tristeza tem lembradas,

De dias só completos de vazio...

 

Teu corpo revestiu todo o meu ser,

Teu amor transformou o meu amar,

Na noite que não posso reviver,

 

Nessa noite que sempre vou lembrar,

Por me ter proibido de a esquecer;

Por a teres proibido de voltar!

 

Gil Saraiva

 

 

 

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