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XVII
III
"FADO PORTUGAL EM TRÊS CANTOS"
Canto Por Fim
“Do Afinal ao Querer”
Se política, ai, for Fado
Neste país afinal
Desde logo é explicado
Porque tudo vai tão mal.
Temos do défice a dor
Por nunca mais estar pago
Somos o financiador,
Espremem-nos bago a bago!
O Fado é choro de um Povo,
Canta da Alma seu mal,
Seja velho, seja novo,
O Fado é Portugal!!!
Ladrão é quem tira o pão
A quem só migalhas tem
E diz ter toda a razão
Do alto do seu desdém…
Que o Fado de Portugal
É ver como esta gente
Nos of'rece no Natal
Um orçamento demente.
O Fado é choro de um Povo,
Canta da Alma seu mal,
Seja velho, seja novo,
O Fado é Portugal!!!
Um Fado destes só dura
Ai, enquanto o Povo deixa…
Perguntem à Ditadura
Se deste Povo fez gueixa…
Se crise é parte do Fado,
Da forma, como vivemos,
Ai, também temos traçado
Um dia ser como q'remos!
O Fado é choro de um Povo,
Canta da Alma seu mal,
Seja velho, seja novo,
O Fado é Portugal!!!
Gil Saraiva
Nota: Trilogia de Fados criada para o meu amigo fadista “Zé de Angola”
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XVII
I
"FADO PORTUGAL EM TRÊS CANTOS"
Canto Primeiro
“De Amália a Camané”
Se Amália ao Fado deu
A pose, a figura, a voz,
Ao partir permaneceu
Inspiração para nós.
Do Fado foi diva enorme
E o Fado retribuiu,
Pois que o Fado nunca dorme,
O Fado não se extinguiu…
O Fado é choro de um Povo,
Canta da Alma seu mal,
Seja velho, seja novo,
O Fado é Portugal!!!
Carlos do Carmo, Mariza,
Mais Mísia ou Marceneiro,
Qualquer Fado nos avisa
Que vida é água em ribeiro…
Diamante ou madressilva,
Com dor, saudade, censura,
Sátira de Hermínia Silva,
O Fado é dor na Loucura.
O Fado é choro de um Povo,
Canta da Alma seu mal,
Seja velho, seja novo,
O Fado é Portugal!!!
Dulce Pontes, Ana Moura,
E até Fernando Farinha,
Servem de pá e vassoura
De um sofrer que se adivinha…
Carminho e Camané
Cantam amor, sofrimento,
Cantam como o Povo é,
Cantam todo o seu lamento.
O Fado é choro de um Povo,
Canta da Alma seu mal,
Seja velho, seja novo,
O Fado é Portugal!
Gil Saraiva
Nota: Trilogia de Fados criada para o meu amigo fadista “Zé de Angola”
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XVI
"A RUA DO PRIOR"
(letras para canções do nada, à noite)
Estava já na Univer,
Faro era a cidade,
Pra eu ir viver,
Estudar até tarde...
Eu consegui entrar,
Eu consegui entrar,
No ensino superior...
Meu Deus, vou ser doutor...
Se eu conseguir sair
Se eu conseguir sair
Da Rua do Prior...
Meu Deus, vou ser doutor...
E na Tuna Académica
Com outros cantava,
As canções da polémica,
Que a noite ensinava...
Ia dos Arcos ao «Kream»,
Do Empório ao «Chessenta»...
Pela Rua do Crime
Com a franja na venta...
Até ao Cofre descia,
Espreitava o Porto Fino...
Mais uma vez fugia
Pró Vértice sem tino...
Pois a noite em Faro é assim
Estudar será no fim...
Eu consegui entrar,
Eu consegui entrar,
No ensino superior...
Meu Deus, vou ser doutor...
Se eu conseguir sair
Se eu conseguir sair
Da Rua do Prior...
Meu Deus, vou ser doutor...
E os anos já passaram,
Certas tascas mudaram...
A cerveja é a mesma,
«Super Bock» à maneira,
Quem não bebe dez é lesma,
Quem vai às vinte é asneira...
A cerveja é a mesma,
Os copos é que não,
Quem não bebe dez é lesma
Ou já é doutor então...
Eu consegui entrar,
Eu consegui entrar,
No ensino superior...
Meu Deus, vou ser doutor...
Se eu conseguir sair
Se eu conseguir sair
Da Rua do Prior...
Meu Deus, vou ser doutor...
Mas que importa
Se há cadeira
Em setembro p’ra fazer...
Mais um ano à maneira
Ficarei por prazer...
Os papás vão compreender...
Só se é jovem
Uma vez... compreender...
Eles vão... talvez...
Pois: eu consegui entrar,
Eu consegui entrar,
No ensino superior...
Meu Deus, vou ser doutor...
Se eu conseguir sair
Se eu conseguir sair
Da Rua do Prior...
Meu Deus, vou ser doutor...
Gil Saraiva
Notas: Letra para Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80). R. do Prior vulgo R. do Crime
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XIV
"NO BEQUE..."
(letra para um rock ligeiro)
A tua imagem,
Vi na maré,
Se olhei pra ti...
Já sei quem é...
Vens de passagem,
Toma um café,
Dorme comigo...
No meu chalé...
Tens pele de marfim,
Toca-me furor,
E, de dentro de mim,
Em ti explode amor...
No beque, no beque,
Nua te vi na proa
A navegar...
No beque, no beque,
Olhei pra ti...
Vamo-nos amar...
Toca-me a pele,
Vem-me encontrar...
Amor subi...
Nesse teu pomar...
Põe Ravel...
Quero ficar
Dentro de ti...
Quero madrugar...
Tens um puro amar
No brilhar do sorrir...
Vem navegar,
Vem que eu me quero vir...
No beque, no beque,
Nua te vi na proa
A navegar...
No beque, no beque,
Olhei pra ti...
Vamo-nos amar...
Gil Saraiva
Nota: Letra para a Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80).
![O Tempo.jpg O Tempo.jpg]()
XIII
"O TEMPO"
O tempo
Quando tem tempo
Para nos dar um tempo,
Vem a tempo,
Trás bom tempo
Há que dar tempo
Ao tempo.
Que o tempo
Que não tempo,
Não serve para ninguém.
O impossível
Apenas demora mais tempo.
Gil Saraiva
![Mensagem.jpg Mensagem.jpg]()
XII
” MENSAGEM”
Mensagem que me conforte
Só da mão de um cauteleiro,
Que vende fortuna e sorte
A quem a comprar, certeiro.
Não culpes o mensageiro,
Que mensagem não escreveu,
Se não gostas, vê primeiro
Quem foi quem a remeteu.
Se vier numa garrafa
Uma mensagem assim,
Cheira a mofo e não se safa,
De já não falar de mim.
Gil Saraiva
![Balada dos Montes Quentes.jpg Balada dos Montes Quentes.jpg]()
XI
"BALADA DOS MONTES QUENTES”
À noite sonhei contigo,
Sonhei um sonho de amor,
Vi em teu peito um abrigo,
Nele sequei meu fulgor...
Senti a pele macia,
Sob a dureza dos cumes,
Senti que todo eu ardia
Num epicentro de lumes...
Passei a língua molhada
Sobre essa derme aquecida,
Esqueci de tudo, de nada,
E renasci para a vida...
À noite sonhei contigo,
Sonhei um sonho de amor,
Vi em teu peito um abrigo,
Nele sequei meu fulgor...
Trinquei de leve, com jeito,
A carne fofa, encantada,
E essa trinca em teu peito
Deixou-me a calça molhada...
Logo envolvi os meus lábios,
A doce alvura cercando,
Beijos que, não sendo sábios,
Lá aprenderam amando...
À noite sonhei contigo,
Sonhei um sonho de amor,
Vi em teu peito um abrigo,
Nele sequei meu fulgor...
Suguei-te doido, perdido,
Mamei sem sede de leite,
De novo fui atrevido,
Senti nas calças o azeite...
Fervia já, todo eu,
Nessas montanhas montado,
Tocando no que era teu
E me sentindo tocado...
À noite sonhei contigo,
Sonhei um sonho de amor,
Vi em teu peito um abrigo,
Nele sequei meu fulgor...
E as minhas mãos deslizaram
Sobre os pecados mortais,
E, essa carne apertaram,
Entre os meus e os teus ais...
E já a roupa tiravas,
Nesse sonho que sonhei,
Logo quando te entregavas,
Por azar, eu acordei...
À noite sonhei contigo,
Sonhei um sonho de amor,
Vi em teu peito um abrigo,
Nele sequei meu fulgor...
E os seios, de almofada,
Eram só penas de pato,
Na fronha que, enfeitiçada,
Quase conseguiu um ato...
Simples pano de algodão,
De um palácio fez cabana,
Mente quem diz, sem razão,
Que o algodão não engana...
Gil Saraiva
Nota: Letra para a Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80).
![Maminha Camoniana.jpg Maminha Camoniana.jpg]()
X
"MAMINHA CAMONIANA”
Ai! Maminha gentil, que me fugiste
Tão cedo, neste hotel, fiquei pendente,
Sem poder levantar, novamente,
O que antes facilmente punha em riste.
Sei lá o que te deu e te pôs triste,
A ti e à tua gémea tão ardente,
Se eu algo fiz de errado, um acidente,
Remédio tem de ter. Porque saíste?
Jamais, maminha minha, vou perder-te
Sem saber o que foi, porque acabou,
Regressa, por favor, que quero ver-te,
A bandeira não mais se hasteou…
Não me deixes assim sem poder ter-te,
Sem ti, e a tua irmã, não sei quem sou.
Gil Saraiva
![Arrepio.jpg Arrepio.jpg]()
IX
"ARREPIO”
Procuro-te aqui!
Na net infinda,
Entre canais de banalidades perdidas
Por entre os nomes estáticos,
hirtos, estacionados...
Procuro-te, apenas por teimosia...
Porquê?
Porque algo me diz que vai valer a pena,
Porque quero um dia sentir o arrepio
Que um qualquer nome de flor ou de cristal
Em mim provocará,
Sejas tu Rosa ou Esmeralda,
Num chamamento privado
Que começa com um sorriso
E termina na eternidade...
Gil Saraiva
![Filho do Vento.jpg Filho do Vento.jpg]()
VIII
"FILHO DO VENTO"
(letras para baladas nossas)
Eu sou um filho do vento,
Filho de um deus menor,
Mas guardo no pensamento
Uma alma bem maior...
Uma alma bem maior,
Dentro de mim caladinha,
Lágrima de meu suor,
Mais pura áurea que a minha...
Se, no meu triste sentir,
Essa alma for um bónus,
Espero não ver surgir
Um dia os cornos de Cronos...
Eu sou um filho do vento,
Filho de um deus menor,
Mas guardo no pensamento
Uma alma bem maior...
Se eu sou um filho do tempo,
Se de Cronos sou nascido,
Mais seria um contratempo
De por ele eu ser traido...
E guardo no pensamento
Uma alma bem maior...
Eu sou um filho do vento...
Filho de um deus menor!
Gil Saraiva
Nota: Letra para a Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80).