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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Sintra-me : XXXII - A Adraga

A Adraga.jpg

  XXXVII

 

"A ADRAGA"

 

Desce estrelado o Sol até ao mar...

Voa a gaivota, em vê, o céu cortando...

Brilha suave a água, iluminando

A linha do horizonte e, devagar,

 

A própria areia emite o seu brilhar

E a paisagem, aos poucos, vai dourando.

Veste de negro a rocha, sombreando

O que o Sol já não pode iluminar...

 

Despe de luz a praia e no poente.

E eu espero ver surgir a sombra bela,

Do teu ser decorando esta aguarela,

 

Tornando a paisagem transcendente.

Ao pôr-do-sol, eu peço que uma vaga

Te faça vir em mim... aqui... na Adraga!

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia: Serra da Lua; Adormecer - IV

Adormecer.jpg

         V

 

"ADORMECER..."

 

Quero

Ver o brilho de teus olhos

Refletir o gozo do teu ventre...

 

Quero...

 

Porque tu,

Fronteira marginal de meu prazer,

Fonte viciada onde me banho,

És rochedo que se ergue

Junto à praia,

És terramoto,

Epicentro de mim

E tudo o mais...

 

Quero

Ser a maré

Que sobe à tua volta

E que torna a descer

Suavemente

Ou com a fúria das vagas,

Que, como na Adraga,

Moldam a seu belo prazer

A dura rocha....

 

Quero

Poder provar o sal

Das tuas ondas;

Escondendo-me à força e

À vontade;

Explodir dentro de ti

Nascente natural do meu querer,

Fonte viciada onde me venho

Para regressar, um dia,

Não sei quando...!

 

E quero

Poder olhar para o mundo

Sem o ver;

Sentir a multidão

Sem a sentir;

Falar com a vida

Sem falar;

Pois sei que apenas

Quero ter

A tua companhia

E saber ir

Para onde contigo

Possa estar...

 

Quero,

Ainda,

Que os nossos pensamentos

Se envolvam

Conforme os movimentos!...

 

Eu quero

Tudo amor

E tudo é pouco,

Porque o tudo é nada

Sem te ter...

 

Mas o que é tudo?

(Por um momento o espaço

Fica mudo

Para em seguida,

A minha voz, dizer...):

 

É o rever teu rosto de mar

A cada amanhecer

E já,

Indo alta a noite,

Voltar a vê-lo adormecer...

 

Gil Saraiva

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