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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

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Livro de Poesia - Os Anexins de um Vate Sólito: Aguarela de Um Esquecido - XXXVIII

Aguarela de Um Esquecido.jpg                      XXXVIII

 

"AGUARELA DE UM ESQUECIDO"

 

A estrela, o nosso Sol, brilha lá fora.

Aqui, no quarto, aqui, pela janela,

Entra calmamente uma luz singela,

Que ao entrar se espalha sem demora.

 

Naquele canto minha cama implora

Carinho do suave corpo dela,

Mas ali, no fundo desta aguarela

Uma página escrita, a preto, chora

 

Cada letra, palavra, cada linha,

Marcada friamente no papel

Por esta minha mão ‘inda fiel

 

Aos versos de um amor, que em tempos tinha

Este meu coração, hoje perdido,

Sem culpa, ou com razão, por ti esquecido.

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Desvarios em Sol-Posto - Tributo de Aguarela - I

Tributo de Aguarela.JPG

               I

 

“TRIBUTO DE AGUARELA”

        (a Toquinho)

 

Se um diário eu puder

Transformar num caramelo

E assim que quiser

Desfazê-lo com um cutelo…

 

Para escrever imaginação

Ou um poema à chuva

Eu preciso saber

O que sente, espremida, uma uva…

 

Se há alguém que minta

Para o meu coração eu sinto o fel,

A dor, de sexta a quinta,

Uma imensa derrota escrita em papel,

Desprezando

A minha harmonia deste meu paul,

Dessa estrela, que brilhando,

Desta minha alma esconde o azul…

Vivo para ela

Porque me entregando

Sinto na minha vida o Norte e o Sul…

 

E aos sonhos vou pedindo

Desejos de vida e de oxalá

Onde agora tudo é lindo

Porque a sinto eu agora cá…

Quero acreditar nesses lábios rindo,

Olhar sorrindo,

Porque de ti mulher

Não vem coisa má…

 

Posso ser quem eu quiser,

Com empenho te dou a minha vida.

Sou teu homem, teu, mulher…

Sou um lar, nunca a saída,

Ser teu espaço no espaço

E chamá-lo de nosso mundo…

Ser a seta, ser o traço,

Que na alma chega ao fundo…

 

Se um sonho vira mina

De água, em nascente de futuro,

Porque a sonhar a mente

Ultrapassa vala, parede, muro ou mar…

 

E sem muro a cidade

Continua a aumentar

Procura a felicidade

Que quer vir a alcançar…

Meu amor avança

Como ela, querida,

Tu és minha vida

Só eu te quero amar…

 

És minha rocha, meu jade,

Joia minha, no alto a brilhar…

O princípio da saudade

Que mais não pode aumentar.

 

Menina linda e bela, nessa janela,

Uma aguarela

À beira jardim.

Ela me amará

Só porque me ama a mim…

 

E quero eu ser um caramelo

Que ela degustará,

Ser seu rei ou castelo

Feito de amor e de orixá

E que ela amará

Por instantes, um segundo

Tão imenso como o mundo

E que ela adorará…

 

Gil Saraiva

 

Nota: Letra para a Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80).

 

 

 

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