Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Divagações Quase Líricas - Fado Portugal em Três Cantos - XVII - Canto Depois - Da Alma ao Mundo - II

Fado Portugal Canto Depois.jpg

                   XVII

 

                     II

 

"FADO PORTUGAL EM TRÊS CANTOS"

 

                Canto Depois

 

          “Da Alma ao Mundo”

 

Fado é saudade e amor,

Tragédia, desgraça, sina,

Destino, Ciúme, Dor,

Noite, cidade, varina…

 

O Fado é vagabundo,

É a voz que grita ao vento,

De que existe neste mundo,

A dor de um só momento…

 

O Fado é choro de um Povo,

Canta da Alma seu mal,

Seja velho, seja novo,

O Fado é Portugal!!!

 

A nossa bandeira é Fado,

Republicano atrevido,

Dos que lutam lado a lado

P'lo Povo que lhes é q'rido.

 

O Fado é vermelho sangue,

Verde esperança maior,

Mas nunca bandeira exangue

Porque amarelo é suor.

 

O Fado é choro de um Povo,

Canta da Alma seu mal,

Seja velho, seja novo,

O Fado é Portugal!!!

 

Da Humanidade ele é

Património Imat'rial,

Disse a UNESCO que até

É do mundo um Bem Oral.

 

Disso nada sabe o Zé

Povinho, apenas contar,

O que a cada pontapé

A vida o leva a cantar.

 

O Fado é choro de um Povo,

Canta da Alma seu mal,

Seja velho, seja novo,

O Fado é Portugal!

 

Gil Saraiva

 

Nota: Trilogia de Fados criada para o meu amigo fadista “Zé de Angola”

 

 

 

Livro de Poesia - Sintra-me : XXII - Flor Bela

Flor bela.jpg

     XXII


"FLOR BELA"

Florbela...! Branca pétala suave
Lhe vai cobrindo só a curta vida
Eternamente presa, esmorecida,
Tal como na gaiola morre a ave...!

E quem ao pé de si a campa cave
Há-de encontrar, na terra dolorida,
Restos de mágoa e dor incompreendida
Pois que a porta de amor perdeu a chave...

Porém... ao se espreitar, então, cuidado,
Abre à noite... à sombra... e ao pecado...
As portas do castelo da Saudade...

E nesse espelho de árida ansiedade
Uma sozinha pena... cava... arranca
Gritos da Alma e à Flor bela Espanca...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Gota de Lágrima: Vergonha - IV

Vergonha.jpg

        IV

 

"VERGONHA"

 

No eco dos sentidos

Mais profundos

Procuro com fervor

Uma outra idade...

 

E lembro os velhos tempos

Com saudade...

E, outra vez,

Vivo-os, por segundos...

 

Mas se meus anos

Foram tão fecundos,

E já alguns eu tenho

Em minha idade,

Noventa devo ter eu

De ansiedade

Pois tenho o Ser e a Alma

Moribundos,

Perdidos entre sonhos,

Vagabundos...

 

Meu eco,

Do sofrer,

Viveu imune

Até dele alguém

Fazer denúncia...

 

Não mais poderá

Ficar impune...

E a vida irá mudar

Se houver renúncia...

 

Meu ego

Esqueceu como se sonha...

Ficou dentro de mim,

Por ter vergonha!...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Gota de Lágrima: Gota de Lágrima - I

Capa Gota de Lágrima.jpg

Nota do Autor:

 

                 I

 

“GOTA DE LÁGRIMA”

 

Pelo teu rosto se desenha, em movimento,

A lágrima que cai, neste momento…

 

E, se olhares para mim, não me vês chorar.

Jamais conseguirias, pois não sabes

Sequer onde ou como procurar…

Porque a gota de lágrima que choro,

É por dentro, entre a alma e o coração,

Que desce, que resvala, que ecoa,

Por não saberes o quanto eu te adoro,

Nas cavernas das saudades do meu ego

A onde a tua lágrima ocupa um oceano,

Por onde tristemente eu navego…

 

Vem, ama-me mesmo que por engano,

Vem, ó gota de lágrima que adoro,

Junta-te à lágrima que eu, agora, choro…

 

Gil Saraiva

 

Observação: Os poemas deste livro foram criados entre 2003 e 2008

 

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - XI - Chalé Fernando Pessoa

DSCF1523.JPG

                  XI

 

“CHALÉ FERNANDO PESSOA”

 

Aqui, no Portaló, em Tinharé,

Longe de Paris, Rio ou Lisboa,

A vida, qual sorriso de um bebé,

Segue calma, simples e tão boa…

 

“Tudo vale a pena…” a forma é pura,

A prosa à poesia dá frescura

Com aromas de ser e de natura,

Neste espaço feito luz e cor…

Cada chalé tem nome de poeta ou de um escritor,

Cada chalé tem um coração, tem um sentir,

Tem paz, tranquilidade e tem amor,

Tem essência, alma e existir…

A pena é verde aqui, como a mata atlântica

E a palavra é barco, galeão, canoa,

É terra que floresce de romântica…

 

Em Fernando Pessoa

Me instalei meia quinzena,

E me senti um Rei, sem ter a coroa,

De um quinto império sem arena…

Fiquei por Portaló enamorado,

E pelos versos de Pessoa eu inspirado

Entendi, então, de forma plena,

O que vale ter a alma não pequena…

 

Casámos na casa de Pessoa,

Longe daqui, lá para Lisboa,

E a Lua de Mel realizámos,

Na Bahia, no Morro de São Paulo,

E neste chalé nos instalámos,

Chamado de Fernando Pessoa,

A milhares de quilómetros de Lisboa.

 

Não existem coincidências,

Digo eu, que pouco sei,

Mas que o poeta foi padrinho

Não duvido,

Por entre incongruências

Foste rainha e eu glorioso rei,

E tudo pareceu fazer sentido.

 

Fomos unidos por estros do além,

Abençoados por ninfas,

Trovadores,

Predestinados ao amor, que de nós vem,

Apenas tu e eu e mais ninguém…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

 

DSCF1526.JPG

 

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - III - Paisagem e Paisagens

Paisagem.JPG

                      III

 

“PAISAGEM E PAISAGENS”

 

Do ocre das fachadas

Das acomodações e dos chalés

Imagens de cor ficam gravadas,

Se destacam os detalhes, lés-a-lés,

Das madeiras, dos alçados,

Das varandas,

Passadeiras, caminhos, cordas bambas,

Delimitando espaços e picados…

 

São os chalés, por fora, salpicados

De espreguiçadeiras inovando

Ora repouso ameno,

Ora pecados,

Que cabe a cada um ir desvendando…

 

Tudo se vira ao porto, ao mar

E a Valença,

Ponto continental no horizonte,

Que a noite, ao cair, faz revelar

Do outro lado da água, bem de fronte,

Pelas luzes, as formas e a presença

Que olhando podemos vislumbrar…

 

É neste contexto que te chamo

De sonho, de alma, de paixão,

É nesta paisagem que te amo,

Na relva, na varanda, no colchão…

Perco-me em teu olhar

E sou feliz,

Feliz por te sentir,

Por te tocar,

Por saber que amanhã

Vou acordar

Com tua fragrância em meu nariz…

 

Mas mais do que esta ilha

Deslumbrante,

Inventada para amores intensos,

Vivos,

Tu és, amor, hoje e doravante

A paisagem de meus passos

Ainda conjuntivos…

Mas em montes e vales me quero perder,

Nas tuas paisagens vou viver,

Sem precisar de outros atrativos…

São paisagens reais que amo e friso

Só porque adoro estar no paraíso…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

Livro de Poesia - Paradigmas do Meu Ego: Não por Mim..- IX.

Não por mim.jpg

         IX

 

"NÃO POR MIM..."

 

Às vezes

Acho-me um ser híbrido...

Não importa se o sou

Mas o que penso...

É como se metade do que me constitui

Fosse sentir

E só a outra parte de mim

Fosse homem nato...

 

Sou,

Tal como o dia tem na noite

Uma outra face,

Um ser ambidestro

No que toca à mística

Representada pelo coração...

 

Um quase ser criança

Entre pudores que,

Nesta idade que tenho,

Já extintos deveriam estar.

 

Mas corre-me nas veias

O devir...

A sensação última de atingir

A plenitude das coisas

Simples e pequenas

Que permanecem fiéis à memória

De quem realmente as viveu

Com existência.

 

Mas para que falo eu isto?

Que importância tem?

Para que raio interessa

Um tal assunto?

Ahhhhhhh...

 

Importa refletir,

Sentado nas escadas alvas e frias

Do mármore que edifica e marca

Cada registo do que sou,

Tentando sempre

Ir mais longe no pensar...

 

O que me move?

Ou, talvez, o que me comove?

Ou, ainda, o que me demove...?

 

É delicioso poder concluir que,

Em cada caso,

A chave é sempre a mesma:

Sentimentos!

Vindos de dentro,

Da arca radioativa do amor

À qual chamamos

Alma...

 

Sentimentos,

Desempacotados,

Pelo espírito

Que nos torna humanos,

Postos a render

Para que possamos desfrutar,

A cada pegada impressa

No caminho da vida,

A realização

Do que deveríamos ser

Para que o existir tenha um propósito:

Felizes sermos!...

 

A demanda pela verdade

É um falso caminho se,

No final da linha,

Não encontrarmos

O amor!

 

É pela sensualidade dos corpos

Que a alma,

Feita espírito inventivo,

Nos mostra a excelência de uma espécie

Com milénios de existir:

O Ser Humano.

 

Um ser que não se reproduz apenas,

Mas que se funde em harmonia

Sempre que a longa busca,

Pela alma gémea,

Se conclui com êxito.

 

Ser sensual

É ser-se humano

E ter com isso a esperança

De perpetuar a espécie

Por forma a poder gritar bem alto,

Aos quatro ventos:

É amor!...

 

Às vezes

Acho-me um ser híbrido...

Não pelo que sou

Mas pelo que os meus olhos captam

Do mundo

A que chamamos evoluído...

Onde sensualidade

Se confunde com pornografia,

Tal como o bem

Se confunde com o mal...

 

Às vezes

Acho-me um ser híbrido,

Mas não por mim...

Não por mim... 

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia: Achas de um Vagabundo - Haragano, o Etéreo

Haragano.jpg

"Haragano, O Etéreo, um Senhor da Bruma"

 (A HISTÓRIA...)

 

Ao princípio

Senti-me como que um desaparecido...

 

Não em combate,

Como certos militares em terra estranha...

 

Não no triângulo das Bermudas,

Como reza a história de muitos navios

Perdidos na Bruma...

 

Não em pleno ar,

Como se fosse um avião

Engolido pela própria atmosfera

Algures entre nuvem e bruma...

 

Não! Nada disso! Desaparecido de mim...

Sem identidade... Sem existência...

Sem referências... Sem sentido de viver...

Sem imagens claras, perdido na bruma...

 

Imagine-se a montanha!

Grande! Monstruosamente grande!

Gigante mesmo

Elevando-se na planície!

 

Isso fui eu,

O eu Narciso antes da primeira queda,

Antes do começo das erosões...

Seguidas, repetidamente insistentes,

Continuadas no tempo e na vida...

 

Isso fui eu,

Antes dos abalos, dos sismos,

Dos terramotos sem fim

Num mundo feito de sobrevivência

Mais que de essência!

Isso fui eu, antes da bruma...

 

E a montanha foi perdendo forma,

Volume, dimensão...

Até se confundir na planície amorfa

Da multidão sem rosto,

Sem esperança,

Sem dignidade

E sem amor próprio...

 

Aparentemente,

Eu tinha desaparecido,

Sem que um vestígio de sobrevivência

Servisse de pista

Para uma busca por mim mesmo...

 

Imagine-se um desastre

Num qualquer ponto isolado do globo,

Onde um hipotético sortudo

Salvo da morte pelo acaso,

Irremediavelmente ferido,

Acabasse por ficar

Virtualmente irreconhecível

Perante a exposição ao tempo

E às depredações dos animais

E da própria natureza...

 

Isso era eu!

Perdido de mim e dos meus...

Desaparecido do mapa

Dos humanos com voz própria!

 

Ao princípio

Foi assim que me senti.

 

Depois, dei conta que vagueava

Sem destino ou rota certa...

Algures entre nenhures,

Um ser disforme,

Parco de alma e existir...

 

Durante momentos que pareceram anos,

Durante anos que não tiveram momentos,

Apenas procurei, não sei o quê...

Não sei porquê...

E não sei como...

 

Quando finalmente dei por mim,

Não passava de um vagabundo,

Perdido de si em busca do ser...

 

Era como se os locais,

Por onde a minha sombra

Me garantia a existência,

Fossem nuvens sem forma,

Estradas sem referências,

Caminhos sem lei...

Brumas sem paisagens...

 

Apenas limbos...

Apenas Éter...

Apenas Bruma...

 

Às vezes sentia

Que estava numa grande teia,

Cheia de predadores,

Plena de vítimas,

Ávida de sentidos e sentimentos...

 

Uma teia universal que me envolvia

Como uma rede escura e semieléctrica...

 

Descobri, aos poucos,

Que tinha sido absorvido pela internet

E que me tornara

Num Vagabundo Dos Limbos,

Em Haragano, O Etéreo,

No Senhor da Bruma,

Numa Lenda Urbana

De quem nunca ninguém ouviu falar,

Num Senhor dos Tempos

Sem tempo para si mesmo...

 

Um Sir, à inglesa, polido na forma,

Vazio no íntimo de si próprio,

Repleto de vontade e de reconstrução...

 

Um Vagabundo Dos Limbos,

Haragano, O Etéreo,

Senhor da Bruma,

Em busca da identidade esquecida

Num passado sem memória...

 

Até que renasci,

Gritando aos cinco ventos

A minha alvorada...

Vento de ser,

Vento de existir,

Vento de viver,

Vento de sentir,

Vento de amar...

 

De novo era gente,

Uma criatura nova,

Não na idade que essa

Não deixa Cronos em cuidados,

Mas na vida.

 

Eu era...

Eu sou, esse Sir,

O Vagabundo Dos Limbos...

Haragano, O Etéreo...

Senhor da Bruma...

Pela rede universal transmitindo

A história de uma alma

Que aos poucos fui reconstruindo,

Sem vaidade, sem orgulho,

Sem a certeza sequer de ser ouvido...

 

Porém... com a esperança

De que ao falar globalmente

Para este universo imenso,

Possa um dia agir localmente

Na alma de um ser que como eu

Se sinta desaparecido a dada altura...

 

Assino, como me conhecem:

Sir, Vagabundo Dos Limbos,

Haragano, O Etéreo...

Senhor da Bruma...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Paradigmas do Meu Ego: Vem

Vem.jpg

"VEM"

 

Vem...

Extraterrestre que o céu

Ao Homem te entregou

Porque as fábulas não servem pra sonhar!

 

Vem...

Fantasma que a casa

Ao anoitecer expulsou

Porque as fábulas não são para assustar!

 

Vem...

Sereia que o mar

Um dia rejeitou

Porque as fábulas não sabem nadar!

 

Vem...

Lobisomem que a Lua

Uma noite abandonou

Porque as fábulas não vivem ao luar!

 

Vem...

Abominável Homem que a neve

Uma manhã desmascarou

Porque as fábulas não sabem hibernar!

 

Vem...

Vampiro que a noite

Ao nascer da aurora atraiçoou

Porque as fábulas não vivem a sangrar!

 

Vem...

Loch Ness que o lago

Da eterna neblina se acabou

Porque as fábulas também têm de acabar!

 

Vem...

Conto de fadas, mito, animação,

Mistério oculto no fundo mais profundo,

Bruxedo, animal, pré-histórico, ladrão,

Mágico, mago, astronauta em novo mundo...

 

Vem...

Venham... bruxa, fada, feiticeira, anjo,

E porque não um pouco de diabo,

Adamastor nas dobras de outro cabo!

 

Vem...

E sejas conto, fábula, ou página de história,

Ou auto da derrota ou da vitória,

Mito, religião, Bíblia, mentira,

Credo, cruzes e um pouco mais de fé...

 

Vem...

Venham encher com tudo isto esta minha alma

Que ficou cega, vazia, nua,

Abandonada...

E quer poder sonhar

E ser amada

Mesmo que o preço seja não ser nada!

 

Vem...

Porque as fábulas não servem pra sonhar!

Porque as fábulas também têm de acabar!

 

Gil Saraiva

 

 

Livro de Poesia:- Paradigmas do Meu Ego: Caçadora de Sonhos

Caçadora de Sonhos.jpg

"CAÇADORA DE SONHOS"

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Armada de vida,

Carente de presas,

Eu... pela cidade

Procuro a saída

Encontro defesas

Na alma do mundo:

 

Ninguém se quer dar;

Ninguém sabe amar;

Ninguém quer, no fundo,

Saber encontrar

A paz, no profundo

Calor de um segundo...

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Eu vejo no dia,

Na noite bravia,

No caminho, na rua,

Entre gente, mais gente,

Vestindo essa moda

(Qual festa tardia

Ao néon da Lua),

A gente que mente

E em bares se acomoda...

 

E ali, nessa esquina,

Eu vejo no dia,

Na noite bravia,

Se vendendo toda,

Uma pobre menina

Que diz a quem passa:

"- Mil paus... tô na moda..."

 

No meio da praça,

Se vendendo toda

Joana sem caça,

Carente de presas,

Faz contas à vida:

"- Nem dá prás despesas...

Que porra de vida!..."

 

E gente infeliz,

Com hora marcada,

Passa e lhe diz:

"- Dou cem e mais nada..."

 

Caçadora de sonhos...

E tão sem saudade...

 

Eu já vejo agora

O riso da erva

Nos pés dessa serva,

Que vende por hora

O corpo... estragado...

De tão ser usado.

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Buscando, perdida,

A velha igualdade

Do mundo, da vida...

 

Buscando ilusões,

Conceitos, ideias,

Credos e orações,

Entre cefaleias...

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

É assim: no leve sorriso

Dessa erva daninha;

No cato que cresce

Formando uma espinha;

Na espinha que pica

Aquela andorinha

(Coitada, infeliz,

Que sangue já chora),

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

E choro de mágoa

O gozo sinistro

De certa gentinha,

Com cara de quisto

Pejado de tinha;

E a cara alegre

De um velho ministro

Que julga esconder

O que já foi visto...

 

Choro... choro e volto a chorar...

Mas... riem as luzes p’la cidade fora...

 

Riem de mim na noite vizinha;

Riem... riem como quem ri

De uma adivinha prá qual a solução

Não se avizinha...

 

Riem... riem enquanto meu ser

De novo chora,

Chora como ontem,

Como hoje e agora:

 

Chora as meninas

No meio da praça

Se vendendo todas

Ao primeiro que passa...

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Como posso caçar

Sonhos no mundo?

 

Como posso amar

Mais que um segundo?

 

Não tenho saudades

Da terra maldita,

Onde o direito

Não passa de fita...

Minha alma:

 

Caçadora de sonhos

É tão sem saudade...

 

Gil Saraiva

 

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub