"O VELEIRO"
Nos momentos futuros,
No tempo presente,
O mundo global
Não tem de ser igual,
Pouco coerente
Na vil corrente...
A hospitalidade desembarca
Numa costa sem combate,
Ausente de neblina,
Plena de luz...
A tradição não é menos complexa
Que brilho do Sol,
Por entre a bruma
Que se esquiva
A cada passo nosso...
O respeito é um ser sem aventura,
Num qualquer sistema lendário,
Em que o confronto é letra morta...
Espontaneamente,
Alguém conta a alguém
O que alguém pensa de alguém
Sem que ninguém fique a saber mais...
Atos, atitudes e conceitos...
Partes do todo imenso que nos explica,
Caminhos que fazem história
Na Odisseia do que somos!...
Caem as Torres aos pares em Nova Iorque
E uma nova guerra
Nasce das cinzas...
Nasce e berra,
Qual recém-nascido,
Que em plenos pulmões faz por ser ouvido...
E em Quioto o mundo
Toma consciência,
Que o velho planeta
Está a mudar...
Juram combater
O efeito de estufa
Mas nem todos o irão jurar...
G8, G3, já basta,
Que a Terra cansada
Pede descanso,
Queremos viver sem CO2,
Efeitos de Estufa,
Antes, depois...
Queremos ambiente,
Queremos a Terra
Que é nossa, que é tua,
E a queremos sem guerra
Sem poluição...
E em Portugal direitos humanos,
Pedimos à Troika e ao Estado em vão…
Queremos saber para onde vamos
E sem confisco daquilo que temos,
Porquê ser pobre e viver com menos?
Queremos ter voz, poder dizer não!
Mas por ódio e vício de guerra escusada
Um americano de ar “asnoico”,
Muito paranoico, mas bem armado,
E que não distingue romena de turca,
Manda invadir, numa golpada,
Um povo antigo, sábio e ousado…
Que a destruição maciça veste burca,
Veste nada...
Estupidamente,
Que outro nome não há,
A tropa avança sem prova provada
Que não a da propaganda alienada...
Dá-se o conflito, vem a chacina,
Num dos berços da Civilização Ocidental,
Porque o asno não reconhece Alá
Nem sabe das mil e uma noites de Bagdad!...
Passam os meses... morrem os dias...
Saltam linhas férreas, na vizinha Espanha,
E ao som das bombas, de um Terror sem nome,
Um tal de Bin Laden mutila milhares...
Onze de março... onze de setembro...
Que guerra é Santa e os povos migalhas...
Que as Torres são Gémeas
Como as linhas férreas...
O direito à diferença,
De crença e de ser,
Terá que existir no novo Ocidente...
Mas se, por acaso, tal não aparecer
O sangue será de novo inocente...
E lá vem a Troika
Salvar Portugal,
Com a alma negra
Grita austeridade
E trás memorando pouco natural…
Fica o Povo agora mais pobre
Dizem que é défice,
Que é muito usual…
Vende-se o Governo
Ultraliberal,
A preço de saldos:
Joias por caldos
De velhas galinhas.
Vende-se o ouro,
A prata e o cobre
Que é coisa de Nobre…
E vai-se ao bolso do português
Que pague os erros que o Estado fez…
A tradição não é menos complexa que brilho do Sol,
Por entre a bruma que se esquiva
A cada passo nosso...
O respeito é um ser sem aventura,
Num qualquer sistema lendário,
Em que o confronto é letra morta...
A Humanidade não é um conjunto homogéneo...
Somos todos nós! Diferentes, iguais,
Seres naturais com burca provada
Ou véu pelo rosto,
Cara destapada ou nu descomposto!
E em Portugal direitos humanos,
Pedimos à Troika e ao Estado em vão…
Queremos saber para onde vamos
E sem confisco daquilo que temos,
Porquê ser pobre e viver com menos?
Queremos ter voz, poder dizer não!
Nos momentos futuros, no tempo presente,
O mundo global não tem de ser igual,
Pouco coerente, na vil corrente...
E há quem dê Passos na austeridade,
Esmifra-se o povo que a hora é dura,
Fecham-se Portas à liberdade,
Rouba-se o Povo pelo bem comum,
Com ares de santos cheios de candura,
Vem desemprego, pobreza, vem saque,
Que o cinto tem marca de austeridade
Para quem trabalha para comer.
Para quem já não sabe o que fazer...
Partem e migram os portugueses,
Vêem-se gregos, quiçá irlandeses,
O cheiro a podre alastra na Europa
Que solidariedade é coisa pouca,
É coisa do Sul, de gente louca,
Disparam os juros, a dívida, a fome,
Mas quem governa sabe o que come...
Chega a Primavera, dizem que é árabe,
Mas vira guerra para os do costume,
Não querem que o leite seque na teta,
Sofrem as gentes pelos poderosos,
Que se habituaram a ser gulosos,
Sempre a mesma treta, o mesmo final,
O ouro é negro, a fome é fatal...
Morreu um Laden, nasceu um Estado,
Diz-se islâmico e mata com gosto,
E a França experimenta o cheiro da morte,
Que burca é mordaça, é arma e é foice,
Que ceifa… inocentes perdidos da sorte...
E vindos do medo, sem mala nem carga,
Fogem os povos da chacina amarga
Num Oriente que se diz Próximo...
Sem eira nem beira, a guerra alarga,
Gera migrantes por todo o lado,
Milhares, milhões, procuram refúgio
Numa Europa cega onde refugiado
Parece palavra sem significado.
O polícia do mundo vira cenoura,
Varrendo valores para debaixo da mesa,
Num populismo de bruxo e vassoura,
Orgulhosamente grita disparates,
Um novo Narciso no meio da riqueza,
Jura fazer muros, grandezas, peçonhas,
E mais outras tantas poucas-vergonhas...
Mas no meu país uma geringonça
Parece querer a face virar à crise implantada,
Pode nem dar nada, mas gera-se esperança,
Afinal, quem sabe... existe mudança...
Nem sempre o diabo chega a tempo,
Por mais que ele seja anunciado...
Que sirva de exemplo por pouca que seja,
Que se semeie, que afinal se veja...
A solidariedade embarca numa costa sem combate,
Ausente de neblina, plena de luz,
Num veleiro verde, com bandeira branca...
Gil Saraiva