Livro de Poesia - Ântumos Implexos dos Airados: Loucura de Mulher - XVII (Último)
XVII
“LOUCURA DE MULHER”
Pelos cabelos,
De um maduro trigo,
Um rosto nasce simples, divinal.
E perco-me na obra,
Sem igual,
Por apanhar um sorriso doce,
Singelo, diria mesmo amigo,
Rindo como quem ri para consigo,
Nessa boca de beijos, sensual.
Erguem-se uns seios hirtos, naturais.
Move-se o tronco
Sem notar o perigo
Que um ser-se assim
Provoca noutro ser que o observe,
Mesmo que de passagem
E que fique assim retido na paisagem.
O caminhar faz os homens volver,
Olhar para trás
Para confirmar,
Como quem viu
E não quer crer,
Como quem pensa
Que está a imaginar.
Ancas perfeitas,
Ventre de morrer,
Mulher de sonho assim é,
Por ventura,
O sonho de um homem,
Na loucura!
Podes ser tu essa mulher,
Não precisas de ser um ser perfeito.
Podes ser magra, gorda, linda ou vulgar
Que o que importa mesmo é como o meu olhar
Te vê na loucura do que sou e do que sinto!
Gil Saraiva