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“ENTRADA NO PARAÍSO”
Porto e Portal da vila,
Imponentes entradas,
A quem tributo até as aves prestam,
Onde o chegar é natural,
Lembrando talvez outras arcadas
Ou romantismos que se manifestam
Numa vassalagem da memória
De gerações vividas,
Longa história,
De muitas vindas, muitas idas…
Pegadas gravadas pelo tempo,
Entre o riso e o contratempo,
De quem ali passou,
De quem dali gravou
O portal, o porto, o movimento,
De quem ali viveu mais que um momento…
Este todo é belo,
Fascinante, admirável,
Simples porto,
Onde se chega num sorriso,
Para depois transpor portal austero,
Tão memorável,
Que transpô-lo
Nos deixa, enfim, no paraíso…
Assim chegamos nós,
Trocando beijos,
Fazendo do Amor,
A nossa voz,
Nossos desejos,
Com paixão, com fé
E com esplendor…
Paisagens,
Puras, com verdade,
Do Morro da Saudade,
Que se vivem plenas
Pelas margens
Do oceano que nos beija os pés.
Um vivo sortilégio da paixão
Entre nós dois amor, amante, amada,
Que, sem sentirmos, nos invade o coração,
E que se instala sem jamais nos pedir nada…
Gil Saraiva
* Parte I - Paisagens ou o Sortilégio da paixão
"QUEM..."
Quem
Tem na esperança
O sussurrar cálido das marés?
Quem
Encontra no próprio reflexo a alegria
De vivo se sentir com confiança?
Quem
Procura sempre um amor
Sem temer ou mesmo desistir...?
Quem
Sabe que o impossível apenas demora
Mais tempo?
Quem
Sente o nascer do Sol
No crepúsculo insustentável da madrugada?
Quem
Jura que a palavra é só uma,
E uma apenas?
Um só alguém!...
E esse quem
Não tem o que temer,
Por que tremer,
Pois brilha mais alto,
Mais forte e mais além...!
E luta, como luta mais ninguém,
Mesmo na mais temível escuridão,
Acabando por encontrar, por conquistar,
E por sorrir, enfim, ao ver no espelho
A imagem refletora de um futuro
Que em cada segundo se torna presente...!
Que em cada impresente renasce em saudade!...
Assim...
Todos saberão conhecer o tal de quem,
Que no sussurrar ameno das marés,
Completará um próximo devir,
Com a forma simples de um sorrir...
Mas será realmente que esse quem,
Com a imatemática clareza dos sentidos,
Sente, o amor, sem incerteza?
Mesmo sem temer ou desistir?
Talvez...
Quantos ou quantas acharão sinais
E por engano se julgarão escolhidos?
Só quem acreditar que jamais
A ilógica absurda, de um tão grande amor,
Poderia servir de engodo vil
Ganhará a glória terminal!
E esse alguém terá...
No sussurrar cálido das marés,
Na alegria de vivo se sentir,
Na procura impossível sem temer,
No crepúsculo insustentável da madrugada,
No brilho mais alto, mais forte, mais além,
Na busca perdida pelos Limbos,
E na mais temível escuridão,
A taça da vitória conquistada,
A certeza de saber que o quem
É ele ou ela e mais ninguém!
Para mim,
Apenas importa esse meu quem!
E espero meu amor, querida, meu bem,
Que a taça seja eu e ela tua,
Tal como o infinito é mais além,
Tal como da Terra satélite é a Lua...
E só assim,
Por fim,
Na forma de um sorriso, feito belo,
O meu quem se refletirá da cara nua,
Por provir simples, franco, singelo,
Desse amado rosto, dessa face tua!
Gil Saraiva