XIII
"MIGRANTES DO BRASIL"
ELE
Oi, eu sou esse migrante
Que deixou o seu Brasil
Lá longe, lá, tão distante,
Terras de paisagens mil.
ELA
Oi, eu sou essa migrante
Que chegou a Portugal
Para levar por diante
Pois que no Brasil foi mal.
AMBOS
Nós amamos nossa terra,
Como ela não há igual,
Mas a vida é essa guerra
Onde a luta é natural.
ELE
Percorri cidade e serra,
Só quero sobreviver
Não importa quando se erra,
Importa é lutar, vencer.
ELA
Eu estou num país irmão,
A mesma língua falamos,
Que custa darmos a mão
Se na luta ambos estamos?
AMBOS
Não foi fácil a viagem,
A ninguém queremos mal,
Mas gente com sacanagem
Todo o mundo tem igual.
Gil Saraiva
IV
" HOSPEDAGEM NA PRAIA DO AMOR"
(cantado com a música de “Casa Portuguesa”)
Pousada Praia do Amor,
Tem um jeito de conquista.
Marineide ou Aldenor
Tudo fazem p’lo turista.
Quatro palavras apenas
Fazem nome sedutor,
Qual perfume de açucenas:
Pousada Praia do Amor.
Na receção está Camila
Com seu riso de esplendor,
Atende, sempre tranquila,
E tem voz de trovador.
Se modesta é a pousada,
Tão limpinha e a brilhar,
É porque sendo cuidada,
Sobra-lhe amor para dar.
E tem praias de paixão,
De águas quentes, de calor,
Tem nas gentes a ilusão
De ser a terra do amor.
Pipa disso é um bom caso,
Ali, sobre um céu de anil,
Tem numa ponta um acaso,
Rocha lembrando um barril.
Porque em terras do Brasil,
No Nordeste, há, afinal,
Lugares de encantos mil,
Na língua de Portugal.
Gil Saraiva
Nota: Letra para a Banda de bairro “Ecos da Cidade” (últimos 15 anos).
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VI
“QUERO VOLTAR AO NORDESTE”
Regressar a Natal bem no Natal
No calor agradável do verão,
Fazer da brisa fresca uma paixão,
Que nos penteia a alma ao natural,
Como ourives talhando um cristal,
Lapidando amor ou ilusão
Na nossa pele aberta à sensação
De receber um Sol sentimental.
Sentir neste Nordeste o pôr-do-sol,
Passar em Ponta Negra no agito,
Soltar feliz a voz e sem um grito
Imitar vocalmente o rouxinol.
Amar, dançando um samba brasileiro,
No Nordeste, qual bicho-carpinteiro.
Gil Saraiva