Livro de Poesia - Desvarios em Sol-Posto - Cara de Pau - IV
IV
"CARA DE PAU"
Um pau
Muito habilidoso
Se levanta com jeitinho,
E ataca poderoso,
Com força...
Devagarinho...
Ajudado pela mão,
Se roçando pela mata,
Sem sentir a confusão
Do atrito que o maltrata...
Um pau
Muito habilidoso
Que sabe ser carinhoso;
Forte e firme,
Quando engata...
E o pequeno buraco
Ao saber
Que se avizinha
A mestria desse taco:
Ou já sabe
Ou adivinha
O que o espera em seguida,
Ao que tem
Que dar guarida...
E, num ato corajoso,
Se entrega
A total repouso...
O momento
É derradeiro:
Vai esse pau,
Finalmente,
Atacar firme, certeiro,
Com precisão evidente...
Que grande cara de pau,
Esse pau que tudo arrisca,
Sem fazer
Cara de mau,
Guloso do que petisca…
E o buraco,
Entre a relva,
Fica à espera,
Sem ruído,
De ouvir, rasgando a selva,
Esse pau evoluído...
Rolando devagar,
Já sem pressas de chegar,
Aí vem
Sem dizer nada,
A bola por ele tacada,
Que por fim
Se faz entrar...
Ah!
Jogada tão perfeita,
Nunca no golfe
Foi feita!
Vamos todos aclamar!
Gil Saraiva