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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Os Anexins de um Vate Sólito: Teus Olhos Nunca Choram - XXI

Teus Olhos Nunca Choram.jpg                             XXI

 

"TEUS OLHOS NUNCA CHORAM"

 

A luz fraca da chama de uma vela

Não reflete, em mim, o teu amor.

Porém, a minha tão intensa dor,

Tal como um vulcão, brilha, revela

 

Que não passo de um preso, sem ter cela,

Um cativo encantado pela flor,

Porque a meus olhos tens tu mais fulgor

Do que a mais perfeita, linda, bela,

 

Que um jardim possa ter, por entre tudo.

Porque foges de mim, qual tartaruga

Que a carapaça usa, antes da fuga,

 

Como um abrigo usado como escudo?

Por meu amor teus olhos nunca choram,

Nem essas tuas faces, por mim, coram!

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia:- Paradigmas do Meu Ego: Caçadora de Sonhos

Caçadora de Sonhos.jpg

"CAÇADORA DE SONHOS"

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Armada de vida,

Carente de presas,

Eu... pela cidade

Procuro a saída

Encontro defesas

Na alma do mundo:

 

Ninguém se quer dar;

Ninguém sabe amar;

Ninguém quer, no fundo,

Saber encontrar

A paz, no profundo

Calor de um segundo...

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Eu vejo no dia,

Na noite bravia,

No caminho, na rua,

Entre gente, mais gente,

Vestindo essa moda

(Qual festa tardia

Ao néon da Lua),

A gente que mente

E em bares se acomoda...

 

E ali, nessa esquina,

Eu vejo no dia,

Na noite bravia,

Se vendendo toda,

Uma pobre menina

Que diz a quem passa:

"- Mil paus... tô na moda..."

 

No meio da praça,

Se vendendo toda

Joana sem caça,

Carente de presas,

Faz contas à vida:

"- Nem dá prás despesas...

Que porra de vida!..."

 

E gente infeliz,

Com hora marcada,

Passa e lhe diz:

"- Dou cem e mais nada..."

 

Caçadora de sonhos...

E tão sem saudade...

 

Eu já vejo agora

O riso da erva

Nos pés dessa serva,

Que vende por hora

O corpo... estragado...

De tão ser usado.

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Buscando, perdida,

A velha igualdade

Do mundo, da vida...

 

Buscando ilusões,

Conceitos, ideias,

Credos e orações,

Entre cefaleias...

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

É assim: no leve sorriso

Dessa erva daninha;

No cato que cresce

Formando uma espinha;

Na espinha que pica

Aquela andorinha

(Coitada, infeliz,

Que sangue já chora),

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

E choro de mágoa

O gozo sinistro

De certa gentinha,

Com cara de quisto

Pejado de tinha;

E a cara alegre

De um velho ministro

Que julga esconder

O que já foi visto...

 

Choro... choro e volto a chorar...

Mas... riem as luzes p’la cidade fora...

 

Riem de mim na noite vizinha;

Riem... riem como quem ri

De uma adivinha prá qual a solução

Não se avizinha...

 

Riem... riem enquanto meu ser

De novo chora,

Chora como ontem,

Como hoje e agora:

 

Chora as meninas

No meio da praça

Se vendendo todas

Ao primeiro que passa...

 

Caçadora de sonhos

E tão sem saudade...

 

Como posso caçar

Sonhos no mundo?

 

Como posso amar

Mais que um segundo?

 

Não tenho saudades

Da terra maldita,

Onde o direito

Não passa de fita...

Minha alma:

 

Caçadora de sonhos

É tão sem saudade...

 

Gil Saraiva

 

Livro de Poesia - Quimeras de Quimera II: Balança

Balança.jpg

"BALANÇA"

 

A vida, que se vive sem viver,

É o peso da morte na balança,

Que pende para o lado do sofrer

No prato negro da insegurança...

 

A vida, que se vive sem haver

Dentro dela uma mínima esperança,

É combate onde sem se combater

Se abandona o direito de mudança...

 

E se, na vida, eu não poder amar,

Sujeito-me ao consolo de chorar,

Pois que a vida, sem ti, é gargalhada...

 

É um eco cretino em minha mente...

Uma dentada dada por serpente

Nesta minha existência envenenada!...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Quimeras de Quimera II: Chorar

Chorar.jpg

"CHORAR"

 

Sangue, suor e lágrimas eu choro,

E vou assim chorar pra toda a vida...

Não vou mais conseguir estancar a ferida,

Aberta por tamanho meteoro

 

No coração de quem eu mais adoro

E nesta já minha alma suicida...

Meu sangue vai escorrendo da jazida,

Saindo-me p’la pele em cada poro...

 

Suor tenho nas veias e artérias,

Correndo loucamente para a morte...

As lágrimas são átomos, matérias,

 

São o consolo triste da má sorte...

Chorar é meu último conforto,

Agora que na vida vivo morto!...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Brumas da Memória: "Sou"

Gil 11 04 2019 c.JPG

“SOU”

 

Eu sou uma parte do que escrevo,

E escrevo para saber aquilo que sou,

 

Sou ego, animal, humano, trevo,

Sou tudo o que fui, o que amou,

Riu, sentiu, viveu e teve medo,

Esperança, fé; eu sou quem já chorou;

E continuo a achar que ainda é cedo,

Para ser muito mais daquilo que sou!

 

Gil Saraiva

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