Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: Cidadão Palhaço - VII
VII
“CIDADÃO PALHAÇO”
Lá fora o burburinho é constante...
Tráfego... gente ... vai e vem sem fim...
O meu Campo de Ourique é jardim
Onde as flores são lojas. Abundante
O colorido das montras, deslumbrante,
Deslumbra mais que cravos ou jasmim.
Brilho de ouro gozando o Arlequim,
Que pode nem sentir o odor brilhante
Daquele cristal, da seda ou de amanhã...
E nunca descobrir qual é o uso
Duns Polaroid, máquinas, divã...
Palhaço cidadão, bobo, confuso,
De que lhe serve ter deveres, direitos,
Se os bolsos de uns são largos e outros 'streitos?...
Gil Saraiva