III
"DEPENDE"
Quase uma réstia de mim
Ou pura essência,
Senhor da Bruma sou
E só em mim existo.
Procuro em vós
A paz,
A coerência,
O sorriso da alma
Que não vejo
No meu quotidiano
Ora rochoso...
Senhor da Bruma aqui,
Uma vez mais,
Suplicando o fim
Das ilusões
E das mentiras
Em qualquer que seja
A vossa frase,
Que o Reino da Bruma
É já bastante...
Quero a verdade pura
Em cada letra,
Com a força
E o fogo
De um cometa!
Quero,
Queria...
Mas só de vós depende...
Gil Saraiva
"UM POEMA"
Um poema
Nada tem de silencioso,
Mágico ou natural,
É sim um grito mudo
Do amago de quem escreve
Para a essência de quem lê...
Se for ouvido é música divina,
É arte,
É voz...
Mas se na valeta
Do esquecimento ele cair
Então…
O poeta morreu uma vez mais,
Mas não sem antes sofrer muito
Para além do suportável
Pelo comum dos mortais...
Quantos de nós,
Muito além desse sentido,
A que chamamos de audição,
Escutamos realmente o grito mudo?
Quantos de nós ouvimos
No marasmo do nosso quotidiano
Um só poema?
"-Depende..."
Dirão os mais sensíveis...
"-Eu acho que sim!"
Afirmarão os convencidos
Pelas lições que a vida
Lhes foi dando...
"-Eu escuto..."
Dirás tu
Com medo da tua própria voz...
Um poema
Nada tem de silencioso,
Mágico ou natural,
É sim um grito mudo
Do amago de quem escreve
Para a essência de quem lê...
Gil Saraiva