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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Melopeias Róridas Entre Armila e Umbra: Ser Mulher - XI

Ser Mulher.jpg               XI

 

" SER MULHER"

 

Ser mulher na Ucrânia é ter nos olhos

O azul do céu e, no sorrir, a luz do Sol,

Ser na cama e na batalha um só farol,

Que ser mulher ali é ser bandeira,

Ucrânia ao vento, mesmo que a ferro

E fogo, se esconda na trincheira,

Na foto que o marido guarda,

Com amor, enquanto luta, na carteira.

Ser mulher na Ucrânia é ser mãe,

Filha, avó, lágrima, grito, companheira,

Teimosia e persistência que se tem,

Sentindo a guerra, que não vem na TV,

Vinda sabe-se de onde, não porquê.

 

Ser mulher na Ucrânia é ser guerreira,

Salvar das bombas os filhos e fugir,

Sem saber se chegará viva à fronteira,

Que ser mulher ali, é persistir!

Ser amor e ódio, ser fogueira,

Que arde sem se ver, bem lá no fundo,

De quem procura, a todo o custo, uma maneira

De pedir socorro, por si e pelos seus que neste mundo,

Não quiseram o confronto, nem a guerra,

Apenas o direito à sua terra.

 

Ser mulher na Ucrânia é mostrar em toda a parte,

Que ser mulher é ter alma, é ser herdeira

Deste povo, que faz inveja a Marte,

Na luta, entre corpos, ossos e caveira,

Na guerra onde falta sentimento e arte

E onde a escura tumba é feita de poeira.

Escorre o sangue, ardem vidas, morre o novo,

O velho, o rico, o pobre, e a saudade é forasteira,

Mulher de luto carpindo pelo povo!

 

Ser mulher na Ucrânia não é mestrado

Ou algo que se aprenda num estudar profundo,

Ser mulher ali é, como em todo o lado,

Ser a parte que dá infinito ao mundo,

Ser paz, ser musa, arte, ser primeira,

Ser vida, progresso, existir e derradeira

Esperança na continuidade e na mudança,

Que ser mulher é ser mosto e videira,

É ter no coração a força e na mão aliança

É acreditar que no fim da guerra há bonança.

 

Ser mulher na Ucrânia é ser mulher no mundo,

É ser a força de existir da humanidade,

É ser futuro, pelo parto, num segundo,

É ser a chave da nossa eternidade.

Que ser mulher na Ucrânia e em todo o lado,

É existirmos enquanto espécie inteira

Num campo, junto ao mar ou na cidade,

Seguros, porque ao leme o fado

Se faz na mão firme, timoneira,

Que nos guia entre a virtude e o pecado.

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Gota de Lágrima: O Dia Internacional da Mulher - IX

O Dia Internacional da Mulher.jpg

                  IX

 

"O DIA INTERNACIONAL DA MULHER..."

 

O outro dia

Foi o Dia Internacional da Mulher,

Mas...?

Então... e hoje...?

E os outros trezentos

E sessenta e quatro dias

De quem são?

 

Um, eu sei...

Onde há peru ou leitão...

É Natal,

Dia do Rei,

Do Papa ou do sacristão...

 

Outro ainda eu conheço,

É terça de Carnaval,

Tem também um da Criança

E outro dos Namorados...

Mas que nos importa afinal

Esses dias de lembrança,

Seja dia de Finados

Ou dum longo tempo Pascal?

 

E o dia do ladrão?

Da alegria? Da velha?

Da fome ou da tradição...?

Ninguém me diz quando são?

 

O Dia Internacional da Mulher...

Mas que coisa que inventaram,

Um dia que aproveitaram

Para enganar… quem quiser...

Exploram e chamam fraco

Ao sexo feminino...

Esse bebé é menino?

Ou… a menina está bem?

Não!

Eles não enganam ninguém!

É medo... Eu sei!

É medo que fique forte...

Dão-lhe um dia, fazem corte,

E através dele criam lei...

Mas que grande hipocrisia,

Dos senhores da valentia...

 

O outro dia

Foi o Dia Internacional da Mulher.

Mas...? Então... e hoje...?

E os outros trezentos

E sessenta e quatro dias de quem são?

 

São daqueles a quem

Um seio materno

Deu vigor, amor, dedicação...

São daqueles por quem

Esse ser terno

Sentiu dor, fome,

Raiva, humilhação...

Nos outros dias do ano,

Nos dias do dia-a-dia,

Eu vejo a panela ao lume,

A casa passada a pano,

A rotina do costume:

Roupa cosida, lavada,

Comida bem preparada,

Casa pronta,

Chão esfregado,

E o soalho encerado...

Mais o trabalho lá fora,

Pago por meio ordenado,

Se quiser ou vai embora...

 

Nos outros dias do ano

Sexo fraco é para manter,

Assim manda o soberano,

Porque assim é que é viver...

 

Ter que ser mãe

E ser escrava,

Fazer tudo e calar só.

Andar descalça na lava

E depois limpar o pó...

E não esquecer o marido,

Pois o pobre homem,

Coitado,

Deve estar aborrecido,

Se deve sentir cansado,

Porque cansa

Ser servido

E dar ordens bem sentado...

 

O outro dia foi o Dia Internacional da Mulher…

Mas...? Então... e hoje...?

E os outros trezentos

E sessenta e quatro dias

De quem são?

 

Não importa!

Mulheres do mundo inteiro,

Digam: Não!

No Paquistão,

Ou no mais simples outeiro...

 

Desse dia da mulher

Façam um dia de luta!

Porque há de a mulher

Ser puta e o homem

Garanhão?

 

Nesse dia da mulher

Façam vigílias e luto

Contra o Patriarca bruto,

Neste mundo

De tabus e repressões...

Digam bem alto,

Gritando:

"- Chega de humilhações!"

Que esse dia da mulher

Seja apenas mais um dia

Para as que já conquistaram

O que mundo lhes devia...

 

Porém,

Para a maioria:

É o dia da revolta,

Não de festa,

Mas de garra,

De uma garra

Que se solta

Para acabar a fanfarra,

Para impor a igualdade,

Para conquistar:

Liberdade!

 

O outro dia

Foi o Dia Internacional da Mulher...

 

 Gil Saraiva

 

 

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