II
"QUEM É ELA?"
Senhora do seu nariz...
Rainha do mundo inteiro...
Dos governos a raiz,
Pelos povos paradeiro...
Cor de castanha dourada,
Macia, suave ao tato,
No formato variada,
Moldável, foto, retrato,
Imagem da criação!...
Serena, fruto fecundo,
Espalhada pelo mundo,
Em qualquer parte, no chão
Ou num parque, pela rua,
Tão completamente nua
Sem tabus ou sem receio
Descansando no passeio!
Amiga de toda a gente...
Ecologia em pessoa...
Ela é tão simplesmente?
"- Merda pura e da boa!"
Gil Saraiva
Nota: O poema deve ler-se de seguida exceto o último verso, esperar as respostas de quem ouve e depois ser concluído. Seguidamente, depois de todos se rirem, deve repetir-se o poema seguido até ao fim, para que se absorva totalmente o encaixe da resposta final no poema.
II
"ELA..."
Ela
Não podia estar ali...
Talvez...
Nos confins do pensamento,
Longe de tudo...
Não de todos!...
Um rosto jovem no sorrir...
Um rosto,
Com raios de Sol
Caindo nos ombros,
Em cabelos de um ouro
Que brilha no escuro...
O azul do mar
Repousando nas pálpebras,
De uns olhos castanhos
Que brilham também...
Um doce poente
Poisado nos lábios,
De uma boca que arde
E cheira a pecado...
Um luar de prata
Em seu meigo rosto,
De uma Lua Cheia
Que ilumina a serra...
Os traços de Vénus
Moldados num corpo,
Que Gaia quis tão fértil
Como sensual...
O entardecer
Descendo no ventre,
Qual crepúsculo
Anunciando a plenitude...
O sabor a sal
Colando-lhe as coxas,
Húmidas de ansiedade,
De ante prazer...
O toque da seda
Envolvendo os seios,
Tentando esconder
A derme perfeita...
O amor perdido
Em seu terno olhar,
Que busca, sedento,
Outro olhar igual...
E um ar de oásis
Cobrindo-lhe a pele,
Qual neblina ténue
Desejando Sol...
Ela...
Não podia estar ali...
Talvez...
Perto de alguém,
Imaginário ninguém,
A quem espera,
Um dia,
Vir a encontrar!...
Ela
Não podia estar ali...!
Não!...
Não existe tal paisagem,
Pois as quimeras
Nunca são reais!
Mas...
Se por força
De acasos impensáveis,
A paisagem
Não for mera miragem...
Se o ocaso
Realmente for poente
Que chega ante meus olhos
Suspensos na exceção,
Então... então...
Então tudo eu dou
Pela paisagem!...
O que sou,
O que fui
E o que serei,
O que tenho
E o que possa vir a ter...
Tudo!...
Porque tudo é pouco
Se puder na paisagem
Meu ser eu colocar...
Num canto,
Ali...
Mas enquadrado...
Ela
Não podia estar ali...
Gil Saraiva