Livro de Poesia - Desvarios em Sol-Posto - Ninguém ou Nada - VI
VI
"NINGUÉM OU NADA"
(Fado do Amor Sentido)
Trago guardado na memória
Uma simples negra caixa,
Um registo, a minha história,
Um passear pela Baixa...
Um sorriso, um olhar,
E coisas que já mudaram,
Um passado por passar,
Também trago as que ficaram...
Mas de tudo o que passou,
Do que eu vi, do que eu vivi,
Ninguém ou nada igualou
O que ‘inda hoj' sinto por ti...
Lembro os amores do passado,
Os amigos, os momentos,
Quem está vivo ou acabado,
As ruas, os monumentos...
Lembro as mudanças já feitas
Nas fachadas, nas cidades,
Lembro ações imperfeitas,
Revoluções, liberdades...
Mas de tudo o que passou,
Do que eu vi, do que eu vivi,
Ninguém ou nada igualou
O que inda hoje sinto por ti...
E se há quem eu nunca esqueça,
Locais agora só meus,
Também há quem não mereça
Sequer o banco dos réus...
Tudo e todos amo enfim,
Pois tudo foi o que sou:
Histórias, um resto de mim,
Que cresceu, que se alterou...
Mas de tudo o que passou,
Do que eu vi, do que eu vivi,
Ninguém ou nada igualou
O que inda hoje sinto por ti...
Ninguém ou nada igualou
O que inda hoje sinto por ti...
Gil Saraiva
Nota: Letra de Fado escrita para o meu amigo fadista Zé de Angola.