Decorria o ano de 2003, já lá vai um longo tempo, quando este livro foi pela primeira vez alinhavado. Nem todos os poemas aqui incluídos datam exatamente dessa altura exata, alguns deles tiveram origem nos primeiros anos do terceiro milénio, não porque essa mudança fosse a mais importante, nada disso, apenas porque coincidiu com o meu primeiro divórcio, depois de um casamento de 17 anos, uma filha, um filho e uma vivência ímpar e indescritível na história deste que vos escreve.
Foram anos muito felizes na minha vida, feitos de grandes vitórias, momentos amargos, lutas titânicas e episódios de paixão deveras arrebatadores. Porém, se o amor se extingue de um dos lados do casal, e passa, quase sem se dar por isso, a apelidar de rotina ou status quo, é sinal de que algo chegou ao fim, por muito que uma das partes não o considere.
A nova batalha, nos anos seguintes, gerou uma enorme revolução dentro de mim. De súbito, sem estar preparado, tinha de reaprender a viver sozinho, era necessário mudar de terra, de trabalho, de vida enfim. Tudo para conseguir sobreviver com a sanidade o mais intacta possível, sem estar sempre a recordar o que, ao tempo, não precisava mesmo de ser relembrado, para que o meu ego evitasse cair em depressão ou até em algo mais sinistro. Era necessária uma dose de otimismo, de bom humor e da procura de um novo rumo. Foi o que fiz.