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II
"FOGO POSTO"
Ardeu mais um pinhal
Na minha terra.
“Foi fogo posto!”
Leio nos jornais.
Ardeu esta minha alma
Um pouco mais
Neste mundo
De chamas e de guerra.
Não!
Mais uma vez eu digo: não!
Ver o negro da terra queimada
Ocupar o verde
Por onde animais e passarada
Cantavam hinos de vida
E de natura,
É como perder-te uma vez mais,
Sentir o teu amor perder altura,
Fazendo-me cair
No abismo da rutura.
Não me interessa viver
Entre meus ais,
Não quero mais ficar assim.
Se não te posso ter
Perto de mim,
Não quero também a piedade,
Esse fogo posto,
Feito caridade,
Para na chama dos meus sentimentos
Tentares diminuir os meus tormentos.
Não me ajuda
O subsídio piedoso
Que me dás,
Não desejo sentir teu coração fatal
A dar-me esmola
Tão sentimental,
Prefiro, mesmo agora,
Que te vás!
Ardeu o eucaliptal
Junto à serra
“Foi fogo posto!”
Diz o telejornal…
Morreu…
Morreu a combater o fogo
Um velho otário,
Dizem ter sido um bombeiro voluntário,
Homem de honra, soldado da paz,
Que com mangueiras de impossível
Fez o que pode
E o que foi capaz.
Quantos terão de morrer?
Ainda mais?
Por certo morrerão, pois,
São fatais
As labaredas que se alimentam destas vidas,
Que lutam sempre, destemidas,
Em causas, por amor,
Em cada trama.
É fogo posto,
Nas almas perdidas,
Que ao acender a lágrima
Não apaga a chama!
Gil Saraiva
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IV
“ORAÇÃO”
(REZAR, AMAR, MATAR...)
OH! Deuses do Mundo Antigo,
Ancestrais Protetores do Homem,
Escutai a Oração do Bom Destino
Fazendo de mim um vosso amigo.
Antes que forças do mal me tomem,
Antes que eu entre em desatino,
Antes que em corpo de homem
Vire menino.
Ó Elementais Deuses do Planeta,
A Vós eu peço proteção e amparo,
À Terra que me dê raízes,
Eu peço a força do Cometa,
A precisão robusta do disparo,
O saber, que vem de Vós, juízes.
Da Água, quero a força do mais forte,
Do Fogo, a ousadia e a coragem.
Ao sopro, ao vento, ao Ar,
Suplico, enfim, por ter um Norte
Nesta vida que vivo de passagem
E onde apenas quero eu rezar.
Pedir, pelo direito de poder amar.
A Vós Elementais Deuses deste mundo,
Eu rezo pelo justo direito que à Paz
Temos todos nós, bem lá no fundo.
Se Vós quiserdes eu serei capaz,
De cumprir sortilégios num segundo,
Protegei-me dos males que vida traz,
HIV, Gripe das Aves ou Antraz…
Não quero eu maus olhados ou inveja,
Que busco por fortuna e bem-estar,
Que a vela vermelha me proteja,
Que depois de rezar eu possa amar.
Ah! Deuses, que meu sangue vire a cera,
Que arde no Vosso Divino Altar,
Sete pedras de sal e me façam forte,
Que roxa vela me ajude a superar
Dores, sofrimentos e má sorte
No meu duro caminho, nesta vida,
Procurando, firme e protegido, de vencida
Poder vencer o mal, vencer a morte!
Pela fragrância do cravo
Venha um futuro
De propriedade, riso, excitação,
Que a citronela acidifique o muro
De qualquer queixa, dor,
Lamentação.
A Vós, Elementais Deus das Verdades,
Eu rogo contra o negativo não,
Que o aroma a ópio traga claridades,
Mantendo feliz e hirto, em qualquer chão,
O meu ser, orando por matar saudades,
Ao implorar, rezar, amar, nesta oração.
Líder de mim, a alma satisfeita,
Se entrega ao mais alto Orixá,
Enquanto meu corpo se deleita,
Com Vossa Divina ajuda de oxalá.
Para que assim seja, porque assim será!
Gil Saraiva