Livro de Poesia - Divagações Quase Líricas - O Jogo - IV
IV
“O JOGO”
No retângulo verde de um estádio
O sibilar de um apito faz-se ouvir,
Dá a volta ao mundo,
Por satélite,
Nas ondas do éter de uma rádio,
Em páginas de internet sem ter fim…
O jogo, seja ele qual for, é emoção
Para quem veste a camisola das equipas.
Chamam-lhe futebol,
Desporto rei,
Imitam-no os catraios pelas ruas,
Tem regras,
Árbitros e lei,
Não tem raça, não tem credo,
Nem tem filosofia.
São os novos gladiadores do nosso mundo,
Num circo máximo sem Roma,
Nem romanos,
Representam terras, vilas e cidades,
Nações, povos, países, continentes,
Fazem girar milhões na economia,
E nascer, nos adeptos,
Tristeza ou alegria.
O jogo existe para que o povo vibre,
Esquecendo impostos,
Taxas, fome, stress e agonia,
Esquecendo a luta árdua
E crua do trabalho,
Esquecendo doenças,
Mortes e injustiças.
O jogo é mesmo assim, mas afinal,
Qual vício que nos consome o ser,
Nem damos conta de que o jogo
É apenas um jogo e nada mais.
Gil Saraiva