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“OS CHALÉS”
Como peças de um grande dominó
Os chalés vestem a encosta
Do Morro de S. Paulo: É Portaló…
Se do Pessoa eu vejo bem o porto
Nos outros se tem igual conforto…
Temos Zélia Gatai, Voltaire
E Jorge Amado,
José de Alencar, Júlio Verne,
José Saramago…
Temos Marguerite Duras
E emoções
Seja em Machado de Assis,
Luís de Camões,
Nas aventuras
De Alexandre Dumas,
Joaquim Ubaldo Ribeiro
Ou Eça de Queirós
Por entre as brumas…
Castro Alves tem também telheiro,
E nem os miseráveis são refugo
Pois que aqui tem também,
Seu chalé, o Vítor Hugo…
Todos estes chalés de Portaló,
Têm nomes de escritores imortais,
Porque a ilha inspira e trás à mó
Os mais férteis e profícuos cereais,
Que depois de moídos e tratados
Geram um mosto, quando combinados
Com extratos de estros especiais.
Aqui amor eu escrevo entre chalés,
O que sou, o que amo, como te adoro,
Aqui eu te descrevo como és,
Por ti eu grito, riu, gozo e choro.
Aqui a fantasia é mais real,
Nestas cabanas na mata integradas,
Chalés atlânticos, casinhas enquadradas,
Num ambiente perfeito e natural.
Jamais aqui me ouvirás pedir socorro,
Vamos ficar por cá, para sempre, querida,
Tu que és a felicidade desta minha vida
Fica comigo para sempre neste morro.
Gil Saraiva
* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso
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VII
“AS ÁGUAS”
Bebem-se caipirinhas e sorrisos,
Piropos, muitos risos,
Tudo se bebe molhado
Entre adivinhas…
Nas águas da cascata,
No relvado,
Na piscina e nas praias,
Tudo ao calor resiste e se desnata
Nos biquínis, nos chapéus, nas minissaias,
Na chuva que ao cair é catarata
E que minutos depois já se esqueceu
Porque apenas nos lavou o eu…
Ah! Isto sim, é vida!
Águas bem-ditas, mais do que água benta,
Que nos fazem esquecer uma partida,
Que embora longe já nos atormenta…
Que toquem oboés,
Que dobrem sinos,
Que do velho Sinai desça Moisés,
Que se dance o samba, cantem hinos,
Mesmo após o poente glorioso
Fazer nascer a lua prateada,
Pois tudo aqui é bom, é tudo gozo,
Tudo nos traz a alma embriagada
Neste Portaló feito virtude
Onde cada momento é plenitude…
Mas devo confessar, ó meu amor,
Apenas o teu corpo mata a sede
Deste meu ser molhado em teu calor,
Seja na cama, na relva, na parede,
Contra a qual nada tenho, nem critico,
A forma como de encontro a ela,
Em ti, atinjo, meu amor, o pico…
Tu és a água que, às vezes, cai do céu,
Mais a do mar salgado,
Do Oceano, da cascata,
A da piscina, da praia e do lavar
Só tu me passas de húmido a molhado…
Porque em ti meu corpo a sede mata,
Em golos de Sol e de luar,
Por entre a poesia e a sonata…
Nas encostas deste morro encantado,
Te sirvo eu, no crepitar das fráguas,
Para me servir de ti, musa das águas…
Gil Saraiva
* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso
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"TOCA-ME"
Quando aquela mão
Se estende decidida e sensual,
Num caminho seguro,
Até tocar suave
Um membro adormecido,
Despertamos nós...
Desperta o príncipe
Com coaxares de sapo,
Porque a magia
Se fez vida
E gozo último...
Quantos de nós, homens,
Antropófagos do sentir,
Não atingimos o céu
Antes do tempo
E tudo por um toque apenas?
Ahhhhhh...
Isto é vida!
Nada se compara
Ao arrepio da derme
Perante um deslizar
De dedos ao acaso.
Nada é mais intenso
Do que sentirmos a mão,
A nossa mão,
Navegar serena,
Pela derme de outro alguém,
Procurando o calor ameno
De um Trópico de Câncer
Ou Capricórnio...
Pra mergulhar ardente
Num vulcão de amor
E nos fazer arder
Sem febre alguma
Que não aquela
A que chamamos de paixão...
Partir do que é geral
Para o mais específico,
Íntimo, privado e particular...
Sentir a preocupação das formas,
Das cores, do brilho,
Do estado hipnótico de um toque,
Em impressões táteis
De impensáveis sensações
De loucura frenética e absoluta...
Depois...
Procurar uma ordenação tátil
Dos elementos do percurso
E projetá-los em cenas
De luxúria conseguida e integral...
Por fim...
Gritar em êxtase:
Toca-me, de novo, meu amor!!!
A Mulher,
Mais do que ser humano,
É arte viva,
Sente
Como nenhum outro espécime
À face do planeta...
E faz sentir...
Chegamos ao infinito
Num só toque...
E de lá voltamos para podermos,
Também nós,
Tocar e atingir assim
O despertar de uma aurora
Que nasce pura de êxtase
E plena de prazer!...
A Mulher
Faz uivar bem lá no fundo
Aquele ser esquecido,
De ser gente,
De ter vida,
De ter voz...
E provoca do íntimo
A alma ansiosa de sentir,
Perdida de sentido,
De momento,
Já faz muito e muito tempo,
Para gritar, por fim,
Em pleno êxtase:
Toca-me, de novo, meu amor!!!
Gil Saraiva