![Possa Ser Eu.jpg Possa Ser Eu.jpg]()
X
"POSSA SER EU!"
Meu amor...
No espaço diminuto do meu cérebro
Não consigo enclausurar o amor que sinto...
É vasto demais,
É denso, é forte,
E nem zipado cabe entre neurónios...
Poderia eu arquivá-lo nessa rede,
Aquela a que chamamos de Internet,
Em servidores sem fim...
"Terabytes" e "Terabytes" de sentir...
Mas é pequena a "Net",
É curta, é vã...
Ah, mas então...
Só dessa forma se tornaria a rede
Um sentimento só,
Somente e apenas...
Mas tanto ficaria por expressar,
Pois está por inventar o “chip”
Ou a memória
Que possa processar o verbo amar
Com a dimensão e a dignidade
Que este deve possuir...
Porém...
Um processo existe, um meio, uma forma,
De saberes, ó meu amor, o quanto te amo...
Há um condensador do meu sentir
Que podes ler sem erro,
“Bug” ou vírus
Que o afete...:
O brilho dos meus olhos quando a retina
Capta a tua imagem e a retém
Lá para lados desse órgão interno
A que teimamos dar por nome:
Coração!...
O fenómeno pode não ser sensível
À ânsia da descoberta do sentir
Através de quaisquer materiais...
Ah... Mas se amares...
Vais poder ler o brilho oculto
Aos olhos de um outro qualquer alguém
E, meu amor, que esse alguém
Possa ser eu!
Gil Saraiva
![Saudades.jpg Saudades.jpg]()
"SAUDADES"
Saudades
Choro de um riso antigo
Hoje recordado...
Saudades
Vou deixando
Aqui, além...
Recordações
Eu guardo dos meus passos:
Daquele alguém que um dia olhou pra mim
E me chamou de amigo...
E num olhar
Disse poder guardar de mim memória
E registar bem fundo o meu sorriso...
Saudades
Vou guardando, conformado,
Daqui, de além e de todo o lado
Onde há um abraço de amizade;
Onde a Humanidade for humana;
Onde a Paz existir na Natureza
E onde a Liberdade for amada...
Saudades,
Nostalgias, lembranças, emoções
E outros sentimentos pouco claros
Que vão ficando em nós
E que nos tornam
Produtos inventados pela mente
De quem a nosso lado já viveu
E guardou para si a nossa imagem...
Saudades
De outrora... de uma hora,
Daquele momento exato,
Inesquecível,
Daquele instante louco, fugidio,
Em que a flor abriu, desabrochou...
Ou de outro que não conto por pudor,
Mas que por certo falava de Amor...
Saudades,
Momentos presentes do Passado
Que o Futuro não pode apagar;
Vivências de uma vida,
Lágrimas de dor, felicidade,
Desejos e gritos já vividos;
Anos de sonho e de saudades
E dias que são claras ilusões...
Saudades
Vou guardando, vou deixando
Aqui, ali, além, por todo o lado
Onde a lágrima seja borboleta
Ou onde a eternidade iluminada
Se reduza breve, num segundo,
A gotas de orvalho e de saudade...
Saudades
Choro de um riso antigo
Hoje, uma vez mais,
Já recordado
Ou novamente,
Até que enfim, reencontrado!...
Saudades
Choro de um riso antigo...
Gil Saraiva
![Acorda.jpg Acorda.jpg]()
"ACORDA"
Para um amor sentir, estando ele ausente,
E olhar eu para quem não posso ver,
Para uns lábios beijar, sem deles saber,
E para estar contigo no presente,
Com muito amor, apaixonadamente,
Sem a tua presença eu poder ter:
Eu fecho os olhos... sinto-me mover...
E quando volto a olhar, na minha frente,
Reconheço essa imagem sempre bela,
As formas desse corpo em que me deito,
O sorriso da boca mais singela,
Os olhos desse tom, lindo, perfeito...
E sinto-te alegre e me falando:
- Acorda, Amor, acorda, estás sonhando!...
Gil Saraiva
![Cedo.jpg Cedo.jpg]()
"CEDO"
Eu quero amar-te! Sim! Com que ansiedade...
Ó única, dos olhos meus, miragem...
Ó por ninguém, jamais, vista paisagem,
Só porque nunca alguém viu a verdade!
Eu quero amar-te p’ra sentir saudade...
Eu quero, ao longe, ver a tua imagem
Projetada em meu corpo de selvagem,
Tão louco por perder a liberdade!
E, no entanto, quero um maior bem:
O trunfo desse amor... desse segredo!
Mas encontro-me só e sem ninguém,
No mundo escuro... só... com o meu medo.
E tão só, sem poder ir mais além,
Fico tão solitário ‘inda tão cedo...
Gil Saraiva