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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Plectros de um Egrégio Tetro Umbrático: O Impossível - III

O Impossível.jpg

        III

 

"O IMPOSSÍVEL"

 

O impossível apenas demora mais tempo,

Afirmo, ao meditar,

Na noite escura,

Na busca infama desse contratempo,

Que me obriga a reagir e a lutar

Por mais que a minha luta seja dura.

 

Eu sei que existem verdades teimosas:

A vida é a doença suprema,

O doente morre sempre, haja o que houver!

Eu sei que há coisas tenebrosas

Na dor que se transmite num poema,

No âmago de quem sofre, de quem quer

Apenas aplacar a sua mágoa,

De quem tem sede sem ter falta de água…

 

Mas não sei

O que fazer para não sentir…

Não sei

Como ou porquê hei de esquecer…

Não sei

Se desse rumo devo desistir,

Se é melhor recordar

E por isso sofrer,

Se poderei amar,

Sem poder rir,

Se poderei viver e não sorrir…

 

Mas sei

Do momento em que te perdi…

Sei que para ti nada mais sou…

Sei que, para ti,

Eu só vivi

Enquanto um outro

Não voltou!

 

O impossível apenas demora mais tempo e afinal

Se esse não vier

Ou te quiser,

Eu posso, em minha luta, triunfar,

E até pôr um fim neste meu mal,

De teu coração eu não tocar…

 

Tudo é relativo neste mundo,

E a verdade absoluta de agora

Pode já não a ser,

Noutro segundo,

Porque a realidade muda a toda a hora.

 

Mas eu quero o universo

E seu poder…

Nada de ser famoso

E infeliz.

Eu quero é ter-te a ti

E esquecer

Um mundo, a quem a minha sorte

Nunca quis.

Eu quero combater a morte

Do que sinto, do que que me faz feliz.

 

Eu quero é ver o infinito,

Acolher, entre mágoas e cansaço,

No calar forçado de um forte grito,

A dimensão total do nosso amor,

Em versos que se esqueçam da dor.

 

Eu quero introduzir o universo

No restrito espaço

Deste verso…

Eu quero é poder,

Poder-te amar

Para em ti a fama

E a glória conquistar!

E se o impossível apenas demora mais tempo, minha querida,

Por ti eu espero a eternidade, eu espero toda a vida…

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia: Achas de um Vagabundo - Quem...

Quem.jpg

"QUEM..."

 

Quem

Tem na esperança

O sussurrar cálido das marés?

 

Quem

Encontra no próprio reflexo a alegria

De vivo se sentir com confiança?

 

Quem

Procura sempre um amor

Sem temer ou mesmo desistir...?

 

Quem

Sabe que o impossível apenas demora

Mais tempo?

 

Quem

Sente o nascer do Sol

No crepúsculo insustentável da madrugada?

 

Quem

Jura que a palavra é só uma,

E uma apenas?

 

Um só alguém!...

E esse quem

Não tem o que temer,

Por que tremer,

Pois brilha mais alto,

Mais forte e mais além...!

 

E luta, como luta mais ninguém,

Mesmo na mais temível escuridão,

Acabando por encontrar, por conquistar,

E por sorrir, enfim, ao ver no espelho

A imagem refletora de um futuro

Que em cada segundo se torna presente...!

Que em cada impresente renasce em saudade!...

 

Assim...

Todos saberão conhecer o tal de quem,

Que no sussurrar ameno das marés,

Completará um próximo devir,

Com a forma simples de um sorrir...

 

Mas será realmente que esse quem,

Com a imatemática clareza dos sentidos,

Sente, o amor, sem incerteza?

Mesmo sem temer ou desistir?

Talvez...

 

Quantos ou quantas acharão sinais

E por engano se julgarão escolhidos?

Só quem acreditar que jamais

A ilógica absurda, de um tão grande amor,

Poderia servir de engodo vil

Ganhará a glória terminal!

 

E esse alguém terá...

No sussurrar cálido das marés,

Na alegria de vivo se sentir,

Na procura impossível sem temer,

No crepúsculo insustentável da madrugada,

No brilho mais alto, mais forte, mais além,

Na busca perdida pelos Limbos,

E na mais temível escuridão,

A taça da vitória conquistada,

A certeza de saber que o quem

É ele ou ela e mais ninguém!

 

Para mim,

Apenas importa esse meu quem!

E espero meu amor, querida, meu bem,

Que a taça seja eu e ela tua,

Tal como o infinito é mais além,

Tal como da Terra satélite é a Lua...

 

E só assim,

Por fim,

Na forma de um sorriso, feito belo,

O meu quem se refletirá da cara nua,

Por provir simples, franco, singelo,

Desse amado rosto, dessa face tua!

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia: Achas de um Vagabundo - Música

Música.jpg

"MÚSICA"

 

A música tem o espaço invadido

De ternas melodias...

 

No bar,

A tela sem som,

Transmite ilusões

De novelas sem fim...

 

A cena,

Com contornes de virtualidade,

Faz-me ver-te ali...

Do outro lado do bar,

Na penumbra das luzes

Em perpétua difusão...

 

Ali...

Nessas formas

Desse corpo que sonho;

Nas margens desse teu cabelo,

Onde os meus dedos anseiam

Perder-se um dia mais...

 

Procuro,

Com ânsia adolescente,

O teu olhar,

Profundo...

Oculto...

Magnífico...

E sinto-o no sorriso

Desses lábios

Que Mona Lisa invejaria ter...

 

Porque não falas?

A espera

É como um incêndio de floresta...

Consome tudo em seu redor...

Devora o íntimo do ser e...

Mesmo assim...

É divino o prazer

Da ansiedade...

 

A música

Tem o espaço invadido

Do teu ser...

E a tela,

Sem som,

O sorriso mudo dos teus olhos!

 

A cena faz-me imaginar

Contornes de impossível...

E na penumbra das luzes

O sonho aparenta

Um perpétuo devir...

 

Gil Saraiva

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