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XVII
"INVERNO”
Inverno…
Inverno triste e sombrio.
Frio!
Vento!
Chuva!
Não posso suportar mais.
Só, gelado,
Confinado,
Entre quatro paredes metido,
A sete chaves fechado.
Não pode fazer sentido
Este isolamento infindo
Que gela como a estação,
Não oiço crianças rindo,
Não tenho um abraço irmão,
Que inverno se acabe indo,
Que logo regresse o verão.
O inverno, este inverno,
Mais me parece um inferno,
Visto roupa, esfrego o pelo,
Mas este inferno de gelo
Queima-me o coração.
“- Já chega!” - grito eu então.
O inverno é como o inferno,
É como espremer uma uva,
É buraco em vez de luva,
É um nó sem desatilho,
É dor que doi por demais
É como ser filho
Sem pais!
Gil Saraiva
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"SEM RAÍZES"
É mais um ano passo atrás de passo;
Outono, Inverno, Primavera, V’rão...
E transformando amor em profissão,
Caminho por caminhos de cansaço...
Mas como este meu mar se torna baço
Eu penso em entregar meu coração...
E depois, por detrás, mentindo em vão,
Vou manchando de dor o teu regaço;
Vou recebendo, sem te saber dar...
Vou dizendo que sim àquilo que dizes;
Sentindo a solidão a se instalar
No meu corpo, repleto só de crises...
Eu não sou digno mesmo desse amar.
Sim, porque eu escrevo e falo sem raízes!...
Gil Saraiva
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"SOMBRAS"
As sombras desse imenso castanheiro,
Retiram deste solo o sol que quente
Aquece as casas, animais e gente,
Inverno, primavera, o ano inteiro.
As sombras, deste sólido mosteiro,
Apagam o brilhar do afluente
Que se arrastando, só, assim tão crente,
Inveja um soalheiro, além, ribeiro...
As sombras negras, soltas na cidade,
Vão devorando o verde natural...
Ah! Só a tua sombra é liberdade,
A sombra do teu ser não tem igual,
Pois nela se protege a felicidade
Deste meu simples ser, sentimental.
Gil Saraiva