Nota do Autor:
I
“GOTA DE LÁGRIMA”
Pelo teu rosto se desenha, em movimento,
A lágrima que cai, neste momento…
E, se olhares para mim, não me vês chorar.
Jamais conseguirias, pois não sabes
Sequer onde ou como procurar…
Porque a gota de lágrima que choro,
É por dentro, entre a alma e o coração,
Que desce, que resvala, que ecoa,
Por não saberes o quanto eu te adoro,
Nas cavernas das saudades do meu ego
A onde a tua lágrima ocupa um oceano,
Por onde tristemente eu navego…
Vem, ama-me mesmo que por engano,
Vem, ó gota de lágrima que adoro,
Junta-te à lágrima que eu, agora, choro…
Gil Saraiva
Observação: Os poemas deste livro foram criados entre 2003 e 2008
"SAUDADES"
Saudades
Choro de um riso antigo
Hoje recordado...
Saudades
Vou deixando
Aqui, além...
Recordações
Eu guardo dos meus passos:
Daquele alguém que um dia olhou pra mim
E me chamou de amigo...
E num olhar
Disse poder guardar de mim memória
E registar bem fundo o meu sorriso...
Saudades
Vou guardando, conformado,
Daqui, de além e de todo o lado
Onde há um abraço de amizade;
Onde a Humanidade for humana;
Onde a Paz existir na Natureza
E onde a Liberdade for amada...
Saudades,
Nostalgias, lembranças, emoções
E outros sentimentos pouco claros
Que vão ficando em nós
E que nos tornam
Produtos inventados pela mente
De quem a nosso lado já viveu
E guardou para si a nossa imagem...
Saudades
De outrora... de uma hora,
Daquele momento exato,
Inesquecível,
Daquele instante louco, fugidio,
Em que a flor abriu, desabrochou...
Ou de outro que não conto por pudor,
Mas que por certo falava de Amor...
Saudades,
Momentos presentes do Passado
Que o Futuro não pode apagar;
Vivências de uma vida,
Lágrimas de dor, felicidade,
Desejos e gritos já vividos;
Anos de sonho e de saudades
E dias que são claras ilusões...
Saudades
Vou guardando, vou deixando
Aqui, ali, além, por todo o lado
Onde a lágrima seja borboleta
Ou onde a eternidade iluminada
Se reduza breve, num segundo,
A gotas de orvalho e de saudade...
Saudades
Choro de um riso antigo
Hoje, uma vez mais,
Já recordado
Ou novamente,
Até que enfim, reencontrado!...
Saudades
Choro de um riso antigo...
Gil Saraiva
"ILUSÃO"
Sentes o palpitar do coração,
Que no meu peito mora, tão sentido,
Ardendo lentamente sem ruído?
Sentirás tu a minha devoção?
Não! És apenas sonho, ilusão...
Verdade amarga em mármore esculpido...
Fruto secretamente apetecido...
Sentimento despido de razão...
Vulcânica prisão do não amado...
Triste destino, cristalina lama...
A incógnita dor de um corpo irado...
Diamante que brilha, mas não ama.
És retumbante golpe inesperado,
Que acende a lágrima e apaga a chama!...
Gil Saraiva