(entre cá e lá...)
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XXXV
"LISBOA"
Nesta cidade gente se amontoa...
Entre autocarros... carros... me baralho...
Eterna confusão... progresso falho...
Feito para gastar cada pessoa...
E num ritmo feroz... onde ressoa
Aquilo a que ainda chamam de trabalho:
Descanso à sombra fresca de um carvalho
Num dos muitos jardins que tem Lisboa!
Não quero essa vivência envenenada,
Que esta cidade vibra, goza a vida,
Na floresta de asfalto arquitetada,
Lisboa, para tudo, tem saída.
Com o Tejo a compor a aguarela
Cortejo a capital porque ela é bela!...
Gil Saraiva
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VII
"PARTO"
Pela noite andei...
Andei em Lisboa...
E tu...
Terra onde nasci,
Não me conheces?
Agora que voltei,
Terra onde não vivi,
Desapareces?...
Cheguei
Com o fogo talvez do Chiado,
Cheguei
Nessa noite
Ou noutra qualquer...
Não estou recordado,
Cheguei sem mulher...
E no verão parti,
Saindo daqui...
Desta cidade chamada Lisboa,
Onde já nasci...
Saí sem outono,
Que nele nasci,
Saí sem o sono,
Que nunca perdi...
Outono, Lisboa,
Meus progenitores,
Ajudai vosso filho,
Aplacando-lhe as dores...
Sorrindo-lhe à toa,
Mostrando-lhe o trilho,
A viela, a rua, travessa, avenida,
Por onde a Lua lhe dará guarida...
Já não sinto afeto,
Já daqui não sou,
À noite cheguei...
De noite me vou...
Pela noite andei,
Outono, Lisboa,
Agora que parto,
Esqueçam meu parto...
Porque parto...
Eu sei!!!...
Gil Saraiva