Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: O Ser Sem Amanhã - XXXVIII
XXXVIII
"O SER SEM AMANHÃ"
Durante todo o dia o cão uivou...
Uivou... gemeu... ganiu... chorou em vão...
Lobo feroz domado... um velho cão,
Longe da selva que antes dominou...
Durante toda a noite não parou
O queixume infeliz... e a Lua... então
Tirou das negras trevas a ilusão...
Mas... a dor do animal ninguém escutou?!
Surda de pena está a Humanidade!
Só eu ouvi latir o velho lobo...
Senti a dor do bicho e, em todo o globo,
Só eu, que sou ninguém, que sou saudade,
Vi nele, na voz perdida a alma vã,
Meu retrato de ser sem amanhã...
Gil Saraiva