Livro de Poesia - Melopeias Róridas Entre Armila e Umbra: Tudo, Mas Tudo - III
III
"TUDO, MAS TUDO”
Grito!
Porque preciso eu de gritar?
De ter de mandar
Tudo cá para fora?
Para que servem as lágrimas
Que não quero chorar?
Porque não as consigo reprimir?
Não creio que pretendas
Magoar o teu amor.
Que estranha forma de amar
E de sentir…
Algo te mudou,
Seja o que for.
Quererás tu ver-me zangado
Ou buscas truques para me apontares
Como o mau da fita,
Aquele que grita,
Como o vil culpado?
O que pretendes do meu coração?
Porque o procuras afligir
Ou causar dor?
Porque tens a alma em colisão?
Porquê?
Para ganhares o quê?
Nem imagino.
Argumentas em palavras
Sem significado
Talvez me queiras confuso,
Baralhado.
Este é o tempo da pandemia
E do radicalismo,
Do oportunismo, da violência vã,
Das notícias falsas e do populismo.
Vendeste a alma a esta gente má?
Ah! Como me faltam
Os teus beijos de presente e de oxalá.
Vá lá,
Põe em pratos limpos
O que queres de mim.
Quem te convenceu a seres indiferente?
Arranjaste emprego para seres ruim?
Amor,
Diz-me o que vai na tua mente.
Não aguento mais,
Eu juro por Deus!
Se queres partir
Basta dizeres adeus!
Não vês que te amo
Nos versos que escrevo?
Diz-me o que te alegra,
O que posso fazer?
Terei de arranjar a sorte num trevo?
Os de quatro folhas
São tão fugidios…
Tu sabes que eu sofro,
E não é à toa,
Porque, entre nós,
A vida era boa.
Eu quero manter viva
A nossa chama.
Quero ser teu homem,
Aquele que te ama.
Ter sexo contigo
No chão ou na cama!
Anda, vem, vamos ser felizes…
Vá lá, sorri!
Ainda não há imposto para se sorrir!
Nem há inflação para te poderes vir!
Vem fazer amor que eu quero-te amar!
Se eu te dou carinho, levo um pontapé.
Durante o inverno aqueço-te em mim
E de ti recebo nem um cafuné.
De alma gelada apagas o inferno
Transformas La Palma
Em cristal eterno.
Talvez, bem no fundo,
Procures não me magoar.
Conta-me uma história
Que não de partir.
Amor, baixa a guarda,
Que quero ser teu
Diz-me que os dois juntos
Vamos triunfar.
Eu sei que a tua alma não sabe mentir.
Desisto!
Entendi.
Não se vive amor
Estando-se só.
Podes partir mulher…
Tudo, mas tudo, menos dó!
Gil Saraiva