Livro de Poesia - Paradigmas do Meu Ego: Meditando - V
V
"MEDITANDO"
Brada o pincel,
Contra a tela, irado,
Pelo fervor frenético
Que a mão do artista
(Veículo último da inspiração
De um homem),
Lhe imprime
De forma apocalíptica...
Banhado de cor
Grita as imagens da mente,
Que gere seu movimento
Na tela,
Antes crua de sentir...
Escorrega
Entre materiais anacrónicos
Que pelo génio conjugados
São vassalos da dor,
Da pobreza,
Da crise, da fome,
Do medo
Ou da euforia, da esperança,
Da vida
E do amor…
São sinónimos ocultos
Da mão de um criador...
Exclama, grita, brada, berra,
Mas não chora, mas não ri,
Medita apenas na imaginação
De quem, olhando a obra terminada,
Lhe bebe a essência
Na busca da verdade...
Porque afinal o pincel
Apenas se deixa ir,
Levado por quem
Contempla a obra,
Em pensamentos nem sequer,
Nunca, sonhados pelo pintor,
Mas que chegam por quem olha
E se fica pela obra
Meditando…
Gil Saraiva