Livro de Poesia - Díscolas de Runim Iaiá: Miúdo - XVII
XVII
"MIÚDO"
Tão sozinho, descalço, descontente,
Com meros farrapos tristes, anda
Miúdo honesto, lindo, inocente,
Um senhor na rua, que comanda.
Ele aprende a fugir de banda em banda
E de pedra na mão é um valente.
Só tem é medo de ficar doente,
Que doença na rua não abranda.
Mas, tivesse ele tido pais p’ra amar,
Um bom filho seria esse garoto.
Assim… só, pelas ruas, ao luar,
Entre uma escarradela e um arroto,
Sem sequer ter família, casa ou lar
Um pobre órfão descalço foge roto!
Ariana Telles